Foi divulgado nesta quinta-feira (28), o relatório de Desempenho da Economia de Caxias do Sul, compilado pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). O saldo do primeiro trimestre fechou positivo em 4,3%. No acumulado do ano, a indústria desponta com 9,6%, o comércio vem logo a seguir, com crescimento de 5,2%, enquanto que o setor de serviços permanece negativo, em 5,7%.
No demonstrativo mensal, com referência a março deste ano, a indústria segue como protagonista do desempenho, com avanço de 7,8%, em comparação a fevereiro. Por outro lado, serviços esboça reação com crescimento de 3,1% no mesmo período. No entanto, ainda amarga um desempenho ruim no acumulado de 12 meses, com queda de 7,3%. O comércio, por sua vez, vem demonstrando uma tímida retomada, aproveitando-se da sazonalidade, em março, recuou 2,2%. No entanto, quando comparado a março de 2021, o salto é de 19,5%.
A expectativa dos participantes da reunião desta quinta é de que o semestre termine com alta nos indicadores. A tendência é que a indústria estabilize o crescimento e que os setores de serviço e comércio sigam em recuperação. Porém, este avanço pode sofrer impacto de fatores externos como a Guerra da Ucrânia e a nova onda de contágios de covid-19 na China.
— Isso não tem nada a ver com Caxias, mas nos afeta. Afeta sentimento, afeta pedidos e a gente sempre tem que lembrar que estamos em um ano de eleições majoritárias, com a polarização, e isso também pode postergar decisões de investimentos. Isso tira o ritmo da economia, que vem num ritmo bom, se comparado com o histórico recente da pandemia. Mas poderia ser melhor, se não fossem esses fatores — avalia Joarez José Piccinini, membro da diretoria de Planejamento, Economia e Estatística da CIC.
Resultado e expectativa do comércio
Além do cenário externo que preocupa, internamente a inflação tem deixado o consumidor com menor poder de compra. Além disso, por meses, as pessoas deixaram de circular nas ruas por causa da pandemia, o que influenciou diretamente no menor consumo e consequente queda nas vendas.
— O consumidor não estava mais nas ruas, o consumidor desapareceu. Ele deu um tempo até que começou a ter de novo aquela confiança de poder transitar no nosso comércio. Mesmo com todos cuidados que o comércio teve. Então, ele tá vindo mais devagar por questão disso — observa Idalice Terezinha Manchini, vice-presidente de Comércio da CIC.
O menor fluxo é notado pelo subgerente de uma loja de eletrodomésticos do Centro. Anderson Muller, 22 anos, conta que o estabelecimento tem apostando nas promoções para atrair os clientes.
— Se a gente esperasse o cliente que vem da rua, provavelmente nosso faturamento seria bem mais baixo do que vem sendo. Tem que buscar alternativas para bater as metas — conta o subgerente.
Para maio, a expectativa é de um mês de bom faturamento por conta do Dia das Mães, chamado de segundo Natal pelo comércio. Além disso, outras celebrações, como o Dia dos Namorados, devem trazer uma resposta positiva para o restante do semestre.
— Com todas as datas que fecharão o semestre, acreditamos que, sim, aqueles -2,18% do acumulado, eles tendem a zerar e quem sabe, sejam positivos no fim do semestre. O comércio precisa muito disso — destaca Carlos Alberto Cervieri, gerente administrativo financeiro da CDL Caxias.
Outro indicativo positivo é que o comércio gerou 51 vagas de trabalho em março, conforme o balanço de março do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Caxias do Sul teve saldo de 508 postos criados.
Mercado externo tem acumulado negativo
O saldo da balança comercial, que leva em consideração as exportações e importações, teve aumento de 155,7% em comparação com fevereiro e crescimento de 109% em relação ao mesmo período de 2021. Porém, o acumulado de 12 meses é negativo, com -34,3%. Neste período, as importações cresceram 17%, e as importações, 53,3%.