O prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico (PSDB), fez a entrega na manhã desta sexta-feira (22) das tendas que serão utilizadas pelos vendedores ambulantes em novos espaços no Centro da cidade. Ao todo, são 82 comerciantes que foram cadastrados pela administração e podem retirar as estruturas a partir de agora. No total, 100 tendas estão à disposição. Além do chefe do Executivo, secretários municipais e vendedores ambulantes acompanharam a solenidade realizada na calçada da Rua Dr. Montaury, entre a Pinheiro Machado e a Avenida Júlio de Castilhos, que é um dos novos pontos definidos para concentrar o comércio ambulante.
Entretanto, o início da ocupação dos novos espaços deve ser autorizado apenas nos próximos dias. A prefeitura avalia que é necessário aguardar o fim do Ramadã, que é um período considerado sagrado pelos senegaleses, para avançar nesse projeto de desocupação das calçadas da Avenida Júlio de Castilhos. Alguns ambulantes não estão nas ruas e nem participando dessas discussões nesse momento devido ao período religioso. Por isso, até mesmo o sorteio das áreas, que chegou a ser cogitado para ser realizado hoje, deve ficar para a próxima semana. Os senegaleses são maioria no grupo, formado também por brasileiros e venezuelanos.
Além desse trecho da Dr. Montaury, incluindo também a Praça Dante Alighieri, a prefeitura vai organizar o comércio ambulante na Rua Marechal Floriano, entre Sinimbu, Júlio de Castilhos e Pinheiro Machado, próximo ao Hospital Pompeia. Nesses locais, há uma demarcação na calçada, que indica o espaço que a tenda ocupará, além da numeração.
Essa estrutura de pouco mais de um metro e vinte de largura é removível, não é permanente, e foi adquirida pelo município por meio de uma parceria com o Banco da Família, que custeou boa parte dessa estrutura. Os vendedores que vão utilizar esses espaços foram cadastrados pela prefeitura, pagaram uma taxa de R$ 116,45, que deverá ser quitada anualmente. Eles também não devem ter vínculo empregatício.
Na solenidade, o prefeito Adiló afirmou que a atual administração trabalhou há mais de um ano para estruturar esse projeto de organização do comércio ambulante. Fez referência ao passado da cidade, que foi construída com o trabalho de imigrantes e entende que é necessário melhor acolher quem vem de fora.
O prefeito entende também que muitas iniciativas surgiram nos últimos anos para solucionar o impasse entre ambulantes e comerciantes, mas somente agora é realizado algo prático para dar melhores condições de trabalho aos ambulantes e também minimizar a queixa do comércio formal – uma das principais demandas da cidade nos últimos anos.
Adiló reconheceu também que existem críticas da forma como o espaço está sendo organizado, mas avalia que essa é uma medida prática diante de poucas realizações no passado.
— Durante muitos anos se tentou resolver a questão dos ambulantes. O que se conseguiu? Correria, truculência, maus-tratos, falta de confiança e de respeito com os seres humanos porque se fazia uma ação aqui e outra ali. O que estamos buscando é construir uma nova realidade. É o ideal? Não é o ideal. Muitas pessoas vão dizer porque isso ou porque aquilo. Ideia todo mundo tem, agora sentar e construir com diálogo e respeito como foi feito é a primeira vez que se faz ao longo dos últimos oito anos — afirmou o prefeito durante a solenidade.
Um dos representantes dos vendedores, Papis Doye, participou da solenidade junto com o prefeito e os demais secretários. Ele afirma que a maioria dos ambulantes deve fazer a retirada das tendas nas próximas semanas.
— Está sendo realizado agora uma coisa que a gente corria faz oito anos. Hoje, graças a Deus, conseguimos. Era nosso sonho e vamos lutar, mais pra frente, porque queremos mais coisas — destacou.
Outro representante, o senegalês Abib Mamadou, disse também que a estrutura das tendas é muito simples de ser montada e desmontada e acredita que o projeto da prefeitura é benéfico e vai permitir melhores condições de trabalho. Três tendas foram montadas no local, permitindo que outros comerciantes tivessem o primeiro contato com a estrutura.
Novo local será avaliado
Adiló reafirmou ainda que a organização dos ambulantes nos novos pontos com as tendas é uma medida provisória. A prefeitura trabalha para que os vendedores tenham um local fixo, pensado como uma espécie de centro de compras. Algumas áreas são analisadas, mas o prefeito afirma que é necessário primeiro avançar nessa nova organização para depois discutir um local fixo.
— Nesse primeiro momento, para dar dignidade e para dar também um pouco de tranquilidade para o comércio, que por vezes reclama que o ambulante está ali na porta do seu estabelecimento, este é um paliativo. Muitas vezes as pessoas têm ideias, mas o importante é ter a solução, a forma como resolver — destacou o prefeito, que elogiou a boa vontade dos comerciantes em aderir à iniciativa.
Comércio irregular nas calçadas será coibido
Com a regularização dos ambulantes nos novos espaços, que ainda não tem data para ocorrer, a Guarda Municipal intensificará as rondas na Avenida Júlio de Castilhos para coibir quem estiver ocupando as calçadas de forma irregular, principalmente em frente aos estabelecimentos comerciais.
A ideia é começar um trabalho de orientação, evitando em um primeiro momento, ações de recolhimento de materiais.
— Estamos nos organizando junto com a Guarda Municipal, que vai nos prestar apoio. Vamos ter que fiscalizar esses espaços regrados, mas o foco maior será os espaços antes ocupados por eles (ambulantes). A gente não vai mais permitir que se instalem pessoas em frente aos estabelecimentos comerciais — destaca o diretor de Fiscalização da Secretaria Municipal do Urbanismo, Rodrigo Lazarotto.