Um boletim do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS) divulgado nesta terça-feira (8) traz dados importantes sobre as mulheres empregadas no município. A pesquisa, coordenada pela economista Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, revela, por exemplo, que no ano passado foi atingida a marca de 73,1 mil empregos, sendo o maior patamar para as mulheres desde 2017. Além disso, 45,6% do total de pessoas empregadas em Caxias é do sexo feminino, o maior nível de toda a série histórica, iniciada em 2002.
O estudo, que está na sua 13ª edição, ainda aponta que o setor da indústria, com o maior número de empregos em Caxias, foi o que mais contratou mulheres no ano passado, com 1,9 mil vagas abertas. O segundo a mais admitir o público feminino foi o setor de serviços, com 1,5 mil postos criados, sendo que 62,3% da força de trabalho deste setor é constituída por mulheres. Por outro lado, a área que menos oferece vagas para elas é a construção, em que 8,3% dos trabalhadores é do sexo feminino.
Em relação ao nível de instrução das contratadas, também há motivos para comemorar. As mulheres com ensino médio completo registraram o maior número de admissões em 2021, com quase 2,3 mil novas vagas, representando um acréscimo de 7,8% em relação ao ano anterior.
Os dados, tanto do aumento de mulheres contratadas quanto à instrução delas, vão ao encontro da percepção da advogada, palestrante e empreendedora da área de tecnologia Grasiela Tesser. Para ela, a pandemia fez com que as pessoas buscassem mais qualificações, tendo, assim, mais portas abertas no mercado de trabalho.
— Eu entendo que existe uma oportunidade maior, hoje, de capacitação. É mais fácil de buscar conteúdo, se aprimorar, obter conhecimento. A própria pandemia acelerou o consumo de conteúdo digital. O acesso ao conhecimento está mais democrático, independentemente do gênero. E, deste ponto de vista, a mulher se posicionou mais como conhecedora, como empreendedora e capaz de fazer um serviço — avalia Grasiela, opinando que o público feminino larga na frente por, naturalmente, ser multitarefa.
Diante da sua experiência de mercado, Grasiela opina que, sim, as mulheres estão também assumindo mais cargos de chefias e liderando negócios. Contudo, ela argumenta que ainda há um grande déficit de mão de obra feminina em áreas tecnológicas.
— As mulheres estão se posicionando e entendendo que elas têm essa capacidade de ocupar os papéis e, naturalmente, vão subindo os degraus e alcançando posições. Mas, na área de tecnologia, há uma defasagem gigantesca de mão de obra. Por isso digo que, quanto mais mulheres estiverem dispostas a entrar nesse mercado e se capacitar, mais mulheres veremos sendo contratadas. Mercado de trabalho tem, com infinitas possibilidades — sintetiza Grasiela.