Neste 20 de novembro é Dia da Consciência Negra. No mercado de trabalho, segundo a professora Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, os negros lutam por igualdade de oportunidades em vários segmentos, mas seguem sendo discriminados em vários níveis, incluindo o salarial.
A situação fica mais evidenciada em momentos de crise, como o atual da pandemia. É o que apontam os números disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Ministério do Trabalho e Previdência, os quais foram revelados pela professora Lodonha, em entrevista concedida na manhã de sexta-feira (19), ao programa Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha Serra.
Segundo Londonha, que é a coordenadora do Observatório do Trabalho de Caxias do Sul, na UCS, a população negra foi a mais atingida pelo desemprego.
— Os principais indicadores mostram que os negros e pardos representam mais da metade da população do país e foram os mais prejudicados com os efeitos da crise do mercado de trabalho, aproximadamente 57% foi atingida. Na comparação numérica a taxa de desemprego foi de 2,6% para negros, os pardos ficaram em 1,4% e , 0,6%, os brancos. Então, podemos afirmar que os negros foram os mais atingidos — define.
No mercado de trabalho, os negros, historicamente, recebem um salário menor.
— O nível de ocupação de vagas foi menor do que os brancos e os negros têm a menor proporção com carteira assinada. Entre os informais, os negros também tiveram uma taxa maior de desemprego, em torno de 40%, enquanto que os brancos foram de 30% — avalia.
Se há desigualdade entre brancos e negros, em termos salariais e de oportunidade, o desequilíbrio também é verificado no comparativo entre homens negros e mulheres negras.
— As mulheres negras tiveram uma taxa maior de desemprego do que os homens. Elas recebem uma renda média menor do que os homens negros e são ainda mais prejudicadas — aponta.
Ainda segundo Lodonha, as dificuldades enfrentadas pelos negros no mercado de trabalho, em todos os níveis, demonstram que se trata de um problema estrutural.
—É um problema histórico, um racismo estrutural e no mercado de trabalho. O Brasil foi o último país a libertar os escravos, temos uma herança e uma dívida com essa população no âmbito social, econômico e estrutural, e não estamos pagando de maneira adequada, mesmo com algumas políticas — enfatiza.