Os motoristas que usam gasolina nos veículos vão ter que conviver com mais um aumento no custo do combustível. A Petrobras reajustou nesta quinta-feira (12) o preço nas refinarias. Com isso, o valor médio subiu de R$ 2,69 para R$ 2,78, uma alta de 3,3%. No acumulado do ano, a estatal já aumentou em 51% o preço da gasolina.
O repasse ao consumidor final pode ser diluído, mas empresários do setor têm dito que os constantes reajustes na refinaria tornam difícil segurar o preço. Na última pesquisa feita pela reportagem, há pouco mais de um mês, o preço da gasolina em Caxias do Sul já chegava a custar R$ 6,15. O combustível pesa no orçamento das famílias. Para se ter uma ideia, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Caxias do Sul, que mede a inflação, apontou que a categoria transportes variou 1,66% em 12 meses, no relatório mais recente divulgado em junho. Esse item inclui o gasto com combustíveis, além de outros custos de deslocamento.
Para o presidente do Sindipetro Serra Gaúcha, Eduardo Martins, uma das questões centrais que precisam ser discutidas para baixar o preço do combustível é a tributação sobre o produto. De acordo com ele, que representa os postos de combustíveis, os impostos correspondem a cerca de 50% do valor da gasolina. Martins pontua ainda que o preço do barril de petróleo e da taxa de câmbio, ambos em alta, pesam na composição dos valores praticados pela Petrobras. O empresário lamenta as condições atuais e diz que as revendas compõem apenas uma parte pequena do preço cobrado do consumidor.
— A repercussão é muito ruim para todo mundo, porque todo mundo paga esse combustível caro. Quem abastece, quem usa transporte público e até quem não usa, porque acaba pagando no frete dos produtos. Então, com certeza, a gente vê isso com bastante preocupação, mas, infelizmente, não temos gerenciamento sobre isso, principalmente a revenda, que é quem faz a última ponta de todo o setor de combustíveis. E, claro, infelizmente somos nós que atendemos a população, então às vezes sobra para nós ter de explicar isso, mas a gente sempre lembra que a gente só participa de 6% a 9% do valor final que está na bomba —reconhece Martins.
O preço do combustível também gera preocupação aos profissionais que têm o insumo como base da prestação do serviço. O presidente do Sindicato dos Taxistas de Caxias do Sul, Adail Bernardo da Silva, diz que a maioria dos carros de Caxias usa gás para abastecer, que ainda compensa, mas, mesmo assim, destaca que os ganhos da categoria sofreram golpes nos últimos ano. Ele lembra que a tarifa desse tipo de transporte não é reajustada desde 2015, uma medida tomada inicialmente devido à concorrência com os motoristas de aplicativos e mantida por causa da crise.
—A gente perdeu bastante por causa da pandemia, caiu bastante. Agora, mais a gasolina aumentando. Para a gente não perder o cliente, não reajustamos a tarifa, porque, com a pandemia, tem muito desemprego. Quem pega táxi ou mesmo (motoristas de) aplicativos é porque precisa. Ninguém pega mais para ir passear — conta.