Sérgio Perini começa a colher na próxima semana as laranja de umbigo da variedade monte parnaso. Assim como as laranjas bahia (também de umbigo), que tiveram a coleta iniciada na propriedade do agricultor, em Loreto da 2ª Légua, interior de Caxias do Sul, ainda em maio e foi encerrada nesta terça-feira (27). As laranjas irão abastecer empresas de Bento Gonçalves e Montenegro.
Com colheita adiantada — a monte parnaso é tardia, mas será colhida pelo menos um mês antes do previsto —, os dois tipos de laranja devem garantir ao agricultor uma safra de cerca de 250 mil quilos. É superior a do ano passado, quando Perini colheu 140 mil quilos, porque neste ano os pés da bahia deram os primeiros frutos. O produtor planta laranjas há 11 anos e está satisfeito com o retorno. Tem conseguido vender a R$ 0,41 o quilo.
— Vale a pena se comparado à uva. Dá sempre um preço bom. As tardias dão preço bom — destaca Perini, se referindo ao valor pago já no final da colheita, quando a oferta diminui.
A Serra é a maior produtora de laranja de mesa.
ENIO TODESCHINI
engenheiro agrônomo da Emater
A safra deste ano também será maior, pois as plantas estão mais carregadas, explica Perini.
— No ano passado, se perdeu bastante porque no início teve a seca e depois teve chuva. Neste ano tem bastante e a qualidade está boa — conta o agricultor que plantou recentemente um hectare da variedade folha murcha, própria para suco.
A colheita, que começou em março com as variedades precoces e poderia se estender até outubro e novembro, deve, portanto, encerrar antes. Conforme o engenheiro agrônomo e extensionista rural do escritório regional da Emater, Enio Ângelo Todeschini, a safra deste ano na Serra está estimada em 13 mil toneladas. O volume é cerca de 10% acima da média.
Guaporé, único município com variedade de laranja para suco, deve colher, no total, 2.550 toneladas. Caxias é a terceira maior produtora da região, com 2.175 toneladas.
— A maior produção na região é a da monte parnaso. Erechim é a maior produtora de laranja do Estado, mas 90% é de laranja de suco. A Serra é a maior produtora de laranja de mesa — explica Enio, acrescentando que neste ano a qualidade está excepcional, tanto em sabor, quanto em cor e tamanho.
Dos 50 municípios da regional da Emater, são 990 propriedades com plantação de laranja, somando 1.250 hectares ao todo.
Os maiores produtores
Guaporé: 2.550 toneladas
Antonio Prado: 2.400 toneladas
Caxias do Sul: 2.175 toneladas
Farroupilha: 1.875 toneladas
Veranópolis: 1.685 toneladas
Variedades
Laranja do céu
Laranja de umbigo (baianinha, bahia, monte parnaso, lanelate e navelina)
Laranja de suco valência e folha murcha
* As laranjas de umbigo são de mesa e as de suco são para a indústria.
Frio intenso não deve prejudicar
A onda de frio não deve afetar a produção de laranja na região. O frio, aliás, pode ser benéfico de acordo com o engenheiro agrônomo e extensionista rural do escritório regional da Emater, Enio Ângelo Todeschini. O controle de pragas é um deles. A presença de moscas é uma das maiores preocupações dos produtores de laranja e com o frio elas não aparecem. O controle de ervas concorrentes, conhecidas como ervas daninhas, também está entre os pontos positivos do frio, além da redução de doenças.
— Na laranja, a pinta preta é a principal. Deixa pintas pretas na casca. Não azeda, não estraga, mas a fruta perde valor comercial —acrescenta Enio.
O risco, conforme o engenheiro agrônomo, é se der geada e temperaturas entre -5°C e -6°C por vários dias seguidos. Isso poderia queimar as folhas e deixar a laranja mais seca, sem suco. A neve não representa perigo para plantas e frutas, esclarece o engenheiro agrônomo.