Entre os assuntos que serão tratados no Gramado Summit, na quinta-feira (6), está o uso de tecnologia no processo industrial. Thomas Antunes, do Instituto Hélice, é um dos palestrantes que participarão do Painel Da Indústria ao Tech. O tema tem uma ligação direta com a Serra e, mais especificamente, com Caxias do Sul, que teve na indústria a matriz de desenvolvimento e ainda hoje é a base da economia local.
Para Thomas, o momento atual é de migração para soluções digitais que influenciam o dia a dia das pessoas e das empresas, tanto em mídias, como em comunicação e acesso a serviços:
— Vamos conversar sobre como o digital influencia nessa cadeia toda, nas nossas vidas, nas empresas que têm uma base fabril, que é muito física, mas que também têm um benefício muito grande em ter uma conexão digital.
Segundo o painelista, os processos têm uma tendência de automatização e o uso de inteligência artificial para facilitar processos complexos já uma realidade, em níveis de experimentação ou implementados.
— Por exemplo, temos uma fábrica onde há pessoas, máquinas e produtos. Hoje, para calcular o que acontece, temos uma pessoa com uma planilha coletando dados. Na medida em que evolui a tecnologia, essa coleta de dados passa a ser automatizada. Quando há um volume muito grande de dados, começamos a interpretar, algo que, muitas vezes, hoje não conseguimos fazer. E tem um nível mais avançado que é prever. Quando se tem um histórico de dados, podemos prever situações. Hoje, enxergamos somente o retrovisor, o que aconteceu. Quando temos uma inteligência e processo digitalizado começamos a enxergar para frente o que pode acontecer — exemplificou.
A mudança também ocorre no comportamento, na medida em que as pessoas estão adquirindo menos produtos e mais acesso aos produtos, que são os serviços. Atentas a isso, as empresas estão se adaptando a essa nova forma de consumo. Conforme Thomas, nenhuma transformação digital é possível sem antes uma transformação cultural. Por isso, a necessidade de falar sobre esses temas, identificar papéis para contribuir com o processo. Porque o ser humano continua sendo fundamental.
— O melhor cenário que vemos é quando a inteligência artificial trabalha junto com o ser humano, porque o ser humano percebe a nuance, o contexto. A inteligência artificial nada mais é do que uma repetição de fatos. Então, o ser humano continua tendo a percepção de coordenação dessas inteligências. Ele vai se dedicar muito mais à criatividade, ao relacionamento e à relação entre colaboradores, clientes, acionistas, comunidade. Observando no que o mundo está mudando, de forma comportamental, e adaptando isso no processo produtivo — pondera Thomas.
Para o especialista em tecnologia, imaginar empresas funcionando completamente com robôs e máquinas é impossível. Até porque, todo trabalho que uma empresa faz é voltado para pessoas, clientes, consumidores. Para entendê-los e entregar valor a eles, é preciso outro ser humano, defende Thomas.
O painel ocorre no palco Jobs, às 10h, e terá participação de Solon Stahl, Elias Grazziotin Rigon e Eduardo Lorea, com mediação de Giane Guerra, comentarista de economia do Grupo RBS.