Apesar de ainda não ser afetado pelas restrições mais rígidas da bandeira preta, janeiro de 2021 foi de saldo negativo na economia caxiense. Conforme dados divulgados pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e a Câmara de Dirigente Lojistas (CDL) na tarde desta terça-feira (23), os três principais setores registraram retração no primeiro mês do ano em comparação a dezembro de 2020, com recuo de média de 4,5% no comparativo. Comércio teve queda de 10,1%, serviços, de 8,6%, e indústria, de 0,4%.
A desaceleração, no entanto, é normal para o período, pontual a diretora de Economia, Finanças e Estatística da CIC, Maria Carolina Gullo:
— Não chega a ser surpresa, porque janeiro é um mês de férias, parte das pessoas viaja, esse "viaja" entre aspas, porque em razão da pandemia o viajar foi no máximo até a praia. De qualquer forma, muitos não estavam na cidade, então foi um resultado até natural, raríssimos são janeiros que tivemos números positivos.
Apesar do saldo negativo do mês, a indústria é a única que apresenta estabilidade, até pela restrição menor das atividades. Quatro dos 10 meses de pandemia foram de índice negativo para o setor, porém, oscila com relativa estabilidade, acumulando uma pequena retração de 0,4% em 12 meses. O comparativo entre janeiro de 2021 e janeiro de 2020 (quando não havia pandemia), inclusive, reitera a situação mais "confortável", com crescimento indicado 11,6%.
Já o segmento de serviços, que amarga seis meses consecutivos de números negativos, completa 10 meses de retrações significativas na comparação entre meses de pandemia contra meses pré-crise sanitária. E, no aumulado de 12 meses, o setor já contabiliza saldo de -19,5%. Serviços, reconhecidamente, abrange os segmentos mais afetados pelas restrições, como trade de turismo e restaurantes.
TRIMESTRE DE PESSIMISMO
Diante dos índices negativos de janeiro e projeção de impactos significativos no comério e serviços em março _ em razão das semanas de efeito da bandeira preta _, os diretores de CIC e CDL já antecipam cenário adverso da economia local para o trimestre.
— Fevereiro não se espera expansão significativa, pelo contrário. E março a gente já sabe por causa das medidas. O primeiro trimestre vai ser bem complicado. Teremos números negativos, que poderão ou não ser revertidos ao longo dos próximos meses, dependendo das condições políticas — ressaltou o assessor de Economia e Estatística da CDL Caxias, Mosár Leandro Ness.
Fim da série positiva no comércio
O comércio encerrou uma série de sete meses de números positivos em janeiro, quando registrou recuo de 10,1% em comparação a dezembro de 2020. Embora a retração seja normal para o período, considerando que dezembro é o melhor mês para o setor, as perdas acumuladas já totalizam 18,3% nos últimos 12 meses. Os recuos mais notáveis são no comparativo entre os meses pré-pandemia e durante a pandemia.
— É um fator preocupante, porque as perdas acumuladas já chegam a quase 20%. Resiliência é a palavra de ordem, mas chegamos a um ponto em que não há mais como suportar essa incerteza que vem se criando. Não estamos conseguindo dar ritmo aos nossos negócios. Não estamos conseguindo manter as lojas abertas — lamentou Mosár Leandro Ness.
Na perspectiva do economista, maior flexibilização seria a única alternativa a garantir mínimo de tranquilidade para eventual retomada do setor.
A queda mais acentuada foi no ramo duro, de -11,59%, com as reduções mais significativas nos respectivos segmentos: informática e telefonia (-31,95%); materiais elétricos (-13,61%), óticas, joalherias e relojoarias (-12,24%) e eletrodomésticos, móveis e bazar (-11,34%). Já no ramo mole, a variação entre janeiro e dezembro de 2020 foi de -3,04%, com resultados negativos nos segmentos de farmácias (-6,80%); vestuário, calçados e tecidos (-5,86%) e livraria, papelaria e brinquedos (-4,16%).