Da mesma forma que a pandemia ano passado freou os planos do governo municipal de fazer uso mais efetivo da estrutura da antiga Metalúrgica Abramo Eberle SA, a Maesa, neste ano, a atenção ao tema tende a ficar em segundo plano pelo mesmo motivo. Ainda assim, caso prossiga a ocupação do complexo de cerca de 53 mil metros, apenas uma parte dele, a de maior tempo apropriada pela prefeitura, de acesso pela Rua Plácido de Castro, é que deve concentrar as intervenções em primeiro momento.
Paralelamente, no entanto, continuam as tentativas para venda da estrutura remanescente (maquinário da Metalcorte Fundição) na outra parte do complexo, com acesso via Dom José Baréa. Nelson Sperotto, administrador judicial responsável por levantar recursos indenizatórios à massa falida da antiga Voges (última empresa a ocupar o espaço), acredita que em março ou início de abril o complexo seja plenamente entregue ao município.
— Depende dos leilões e editais, mas no final de março acredito que podemos entregar a chave "oficialmente" para a prefeitura, porque eles já estão lá, inclusive desmanchando o antigo refeitório, já tem à disposição toda a parte do lago, o antigo setor administrativo — comenta Sperotto.
Segundo ele, de todo o maquinário e estrutura posta a leilão, restaram cerca de um terço, que não foram vendidos nos certames. Uma parte dos equipamentos com valor histórico foi tombado pelo município, que deve utilizar para fins de exposição em futuro museu.
— Ficou uma parte, mas a maior parte saiu, é tudo muito grandioso e trabalhoso pra desmontar, mas já saiu uma parcela importante e os compradores vão começar a tirar no final de janeiro, uma parte a prefeitura tombou e a outra que ficar vai ser feito novo leilão —explica Sperotto.
Lotes que foram vendidos em dezembro ainda não foram retirados em razão do recesso judiciário, que dispõe de prazos processuais para entrega dos bens arrematados. Com a volta do recesso, agora, no dia 20 (amanhã), esse prazo volta a correr e já no final deste mês os arrematadores terão a possibilidade de retirar o material da antiga fundição.
ACERTO PARA O FIM DO ANO
De acordo com Sperotto, o início do acerto com a massa falida deve ficar para o final deste ano.
— Final do ano, se o pessoal pagar em dia o que comprou, vamos ter condições de ver se tem todo o passivo trabalhista definido, encerrado as reclamatórias. Algumas coisas pagas à prestação e não à vista e há ainda reclamatórias em andamento. A gente tem de vender todo o patrimônio antes de começar a pagar, senão vai faltar dinheiro, não dá para antecipar e daqui a pouco faltar dinheiro. Tem imóveis que foram vendidos a valores altos, mas parcelados em 18 meses. Então tem de esperar...
O patrimônio leiloado da empresa Voges servirá justamente para restituição de parte dos passivos trabalhistas, tributários, fiscais e sociais, estimados em aproximadamente R$ 1 bilhão, conforme o Ministério Público Estadual.
O laudo de avaliação de bens projeta que somente o patrimônio deixado na Metalcorte Fundição valha em torno de R$ 6,7 milhões. Não foi informado qual valor arrecadado até o momento.
Muito trabalho por ser feito
A reportagem visitou na última semana espaço do complexo ainda ocupado pelos equipamentos e parte do maquinário restante da empresa do Grupo Voges. Embora de fato haja trabalho efetivo de demolição e limpeza de alguns setores próximo ao acesso da Dom José Baréa, os locais que concentravam as atividades fabris e que compreendem a estrutura mais antiga da Maesa apresentam grande volume de maquinário, resíduos industriais e restos de equipamentos. Mesmo com trabalho pleno de limpeza, as reformas e a reestruturação do espaço devem demandar tempo até os prédios estarem próprios para uso.
A área também requer esporádica manutenção, especialmente na preservação do lago interno, na capina de vegetação crescente em alguns pontos e na própria deterioração de alguns aspectos da estrutura física, como o teto de onde ficava a fundição.
A pasta que ficará responsável pela Maesa será a Secretaria de Parcerias Estratégicas e Gestão de Recursos. O secretário Maurício Batista da Silva, que vem de Porto Alegre, tomou posse esta semana e ainda vai se apropriar do tema.