Enquanto alguns empresários não só anseiam pela abertura geral dos seus restaurantes como de todos os segmentos econômicos, pelo menos dois estabelecimentos decidiram manter restrito o atendimento ao público. Após optar por manter fechado por 15 dias, o Restaurante Rech retomou as atividades na última semana, mas apenas para serviços de entrega e busca, sistema que foi mantido mesmo após o decreto liberando 50% de pessoal e reabertura parcial a clientes.
_ Temos a autorização de abrir, mas não vamos fazer. Sou contra, acho que deveria esperar mais duas semanas, no mínimo. Aí sim ver se dava para avaliar se poderiam abrir (os estabelecimentos) ou até prorrogar esse fechamento _ afirma o proprietário, Nelson Rech.
Ele ressalta que antes da decisão, tomada em conjunto com a família, clientes foram consultados.
— Fizemos pesquisa com clientes se achavam que deveríamos abrir ou não, a maioria disse que achava melhor deixar fechado e muitos nos parabenizaram por essa atitude — relata.
Para conseguir "dar a volta" na baixa de faturamento e conseguir pagar funcionários (são seis) e fornecedores em dia, o empresário destaca o planejamento financeiro prévio.
— Sempre temos uma reserva, se não tivéssemos teríamos problemas. Pagamos funcionários, as contas estão pagas. A ideia é manter neste sistema por tempo indeterminado, a não ser que comece a cair muito as nossas entregas — pontua.
"Dinheiro a gente recupera, a vida não"
Com mais de 30 anos de atuação, a Pizzaria Giordani cresceu a ponto de se tornar uma das maiores referências do segmento na cidade. Ainda assim, a empresa manteve-se como um negócio de família. E foi com esse espírito que os três irmãos que administram as pizzarias decidiram ir na contramão da maioria dos estabelecimentos e manter o local fechado.
— Tenho amigos na Europa que me aconselharam a não fazer a besteira de voltar nesse momento que a curva está na ascendente. Por isso, pensando na minha equipe, na minha família e mais de 50 colegas de trabalho, decidimos ficar fechados até ter segurança de voltar. Não quero carregar para o resto da minha vida a possibilidade de ser culpado por alguém se contaminar na minha empresa. Os três irmãos, meu pai e minha mãe decidimos que seria melhor esperar. Dinheiro a gente recupera, a vida não — declara o sócio proprietário Marcos Giordani.
Dos mais de 50 funcionários, apenas sete (entre os quais, os três irmãos) continuam trabalhando, em turnos diferentes para manter as medidas de segurança e distanciamento. Para os demais foi estabelecido acordo individual e a garantia de que não haverá demissões.
A decisão repercutiu positivamente nas redes sociais, onde clientes elogiaram a postura da empresa. Ainda assim, Marcos afirma que esse foi um posicionamento particular, e reconhece que muitos estabelecimentos não conseguiram replicar em razão de custos diferenciados.