Agricultores de Bento Gonçalves querem que as feiras de produtos rurais em ruas da cidade sejam retomadas a partir do próximo sábado (18). As feiras estão suspensas desde 18 de março por decreto municipal para conter a propagação do coronavírus.
Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Cedenir Postal, os agricultores não estão conseguindo escoar toda a produção aos mercados e, com isso, alimentos estão se perdendo.
- Tem alguns que têm alguns mercados e fruteiras para os quais estão entregando, mas em quantidade bem reduzida. Os mercados querem uma quantidade determinada, com uma qualidade padrão do produto - afirma Postal.
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Ele explica que, nas feiras, os agricultores conseguem vender variedades diferentes das encontradas nos mercados, que são produzidas em quantidades menores. Cita como exemplo a fruta do conde, cultivada junto ao Rio das Antas e que tem bom rendimento ao produtor. Mas, conforme Postal, também há dificuldade para escoar variedades mais comuns, como alface, tomate, radicci, abobrinha e tempero.
- Foi tentado fazer vendas por pedidos pela internet, pelos grupos de whats app, alguns criaram páginas pelo próprio perfil do Facebook. Mas as distâncias longas, alguns moram a 35km da cidade e fica inviável por conta do transporte - afirma.
Postal destaca ainda que os agricultores não conseguem ter o mesmo rendimento da feira ao vender para os mercados. Ele explica que a feira do sábado, de produtos da agricultura convencional, é a que tem a maior participação de produtores, com cerca de 60. Há ainda uma feira de produtos convencionais na terça-feira e outra de produtos orgânicos em dois dias da semana, com participação de pouco mais de 10 produtores.
Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a entidade encaminhou um pedido à prefeitura, representando agricultores e feirantes, em que defende o retorno das feiras com uma série de medidas de prevenção de contágio pelo coronavírus. Postal afirma que há sugestões como diminuir o número de consumidores das bancas, e agricultores que são de grupos de risco encontrarem outra pessoa de fora desses grupos para fazer a venda na feira.
O prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin (Progressistas), afirma que a situação é avaliada pela prefeitura, já que há uma preocupação com a exposição de consumidores das feiras que pertencem a grupos de risco.
- Estamos estudando uma possibilidade, averiguando junto à Secretaria da Saúde. É uma questão técnica. A feira livre atrai um público de faixa de risco, de pessoas de mais idade - comenta Pasin.
O prefeito destaca que há um programa da Secretaria da Agricultura justamente para escoar a produção dos feirantes aos mercados. Inclusive, segundo Pasin, haveria mais compra dos agricultores por parte dos mercados se houvesse mais produção:
- Chamamos os supermercados que têm sede na cidade e todos eles concordaram em absorver, alguns ficaram sem e gostariam de ter mais produto.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antonio Cesa Longo, que é proprietário de uma das redes de supermercados da cidade, afirma que os estabelecimentos estão dispostos a absorver a produção local.
- A preferência sempre é para o produtor local porque, em todas as crises que tivemos, como a da greve dos caminhoneiros, o produtor local sempre atendeu. Essa é a prioridade, termos parceiros locais, e estamos abertos a receber novos parceiros com volumes - afirma.
Longo reconhece que há dificuldade de produtores entrarem com alimentos em pequena quantidade, já que a necessidade dos supermercados é de volumes maiores. Mas afirma que é possível a organização do escoamento, somando as produções de diferentes agricultores, via Secretaria da Agricultura.
- É o cooperativismo, que funciona tão bem. Nós estamos abertos a ajudar e nesse momento está todo mundo disposto a se ajudar - reitera.