Algumas vitrines de lojas de Caxias do Sul estampam promoções referentes ao Dia do Consumidor. A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) diz não estar mobilizada, porque a data fica entre o Dia Internacional da Mulher e a Páscoa, e por isso, não planejou nenhuma campanha de venda. No comércio, a reclamação é que o Dia do Consumidor ainda não caiu no apreço do caxiense. No entanto, de onde surgiu essa data e para qual finalidade ela foi criada?
O Dia Mundial do Consumidor foi instituído dia 15 de março de 1962, por John Kennedy, na época, presidente dos Estados Unidos. Kennedy estava preocupado em oferecer quatro direitos fundamentais aos consumidores: direitos à segurança, à informação, à escolha e a serem ouvidos.
Apenas em 1985 a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) adotou o dia 15 de março como o Dia Mundial do Consumidor, tendo como base as Diretrizes das Nações Unidas, dando legitimidade e reconhecimento internacional para a data criada por Kennedy. No Brasil, os direitos do consumidor estão protegidos através da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, que entrou em vigor no ano seguinte.
Para o coordenador do Procon em Caxias, Dagoberto Machado dos Santos, o comércio tem todo o direto de promover ações de vendas em suas lojas, afinal de contas, é dessa forma que gira a economia. No entanto, ele defende a ideia de que, nos próximos anos, as entidades ligadas ao comércio de Caxias do Sul possam pensar em ações de educação financeira e de orientação ao consumidor.
– O Dia do Consumidor é uma data voltada à proteção dos direitos do consumidor e poderíamos fazer dessa oportunidade um tempo de reflexão em todo o país e não usar essa data como um black friday – avalia Dagoberto.
Só em fevereiro, o Procon em Caxias do Sul atendeu a 2.240 ocorrências, em que 86,65% delas foram solucionadas pelo órgão. Entre as reclamações, além dos corriqueiros problemas com as companhias telefônicas, Dagoberto chama a atenção para um crescente aumento de atendimentos a aposentados, em função de algumas empresas que oferecem créditos consignados, nem sempre lícitos.
– O mais importante na relação entre consumidores e as empresas são o diálogo, a transparência e a informação. O mercado precisa das pessoas, e as pessoas precisam dos produtos, mas tudo isso deve ser feito com responsabilidade e educação financeira – defende Dagoberto.
Entre as ações alinhadas com esse pensamento, está uma campanha para renegociação de dívida bancária, que ocorrerá no Procon Caxias nos dias 27 e 28 deste mês, em parceria com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
– Precisamos melhorar nossas relações de consumo, tanto para os consumidores quanto para os fornecedores. Mas entendemos que o consumidor é a parte mais vulnerável. Por exemplo, se eu vou comprar um computador, é preciso que o vendedor tenha a sensibilidade de me oferecer um equipamento adequado ao meu uso. Eu defendo três pontos nessa relação: informação, boa fé e educação para o consumo, sendo um dever governamental buscar essa harmonia – explica.
Mobilização do comércio caxiense
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) não tem uma ação de marketing específica para o Dia do Consumidor, mas o presidente da entidade, Renato Corso, explica que o comércio da cidade está mobilizado para oferecer produtos com preços promocionais.
– A CDL Caxias nota uma movimentação do varejo oferecendo descontos, prazos maiores e outros benefícios alusivos ao Dia do Consumidor. Em março, o que temos visto é o fortalecimento do Dia Internacional da Mulher, que acaba se estendendo ao longo do mês, e uma atenção já voltada para a Páscoa. No entanto, sabemos que algumas grandes redes que possuem operação em Caxias já estão de olho nesta data e começam a fazer promoções e a investir na mídia para atrair a atenção do consumidor. Esse movimento, assim como já ocorreu em outras datas, pode influenciar o comércio local a se engajar ainda mais e, assim, fortalecer uma data que inicialmente foi pensada como um dia para defender os direitos do consumidor – avalia Corso.
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