Desde o final de 2019, há quem esteja conferindo atentamente o sobe e desce dos preços da carne de gado, com a mesma surpresa de quem passa os dias a acompanhar o volume de compra de vendas de ações na Bovespa. No entanto, os analistas da bolsa de valores estão mais acostumados a essa oscilação do que os consumidores que tem comprado menos carne no início deste ano. Também pudera, a carne foi o destaque de alta da inflação em 2019, principalmente em novembro e dezembro. Com um volume maior de vendas para a China a proteína subiu 32,4% no ano, em comparação a 2018, sendo uma das responsável pelo maior impacto na inflação.
No entanto, o mercado demostrou uma tendência de queda neste ano. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a arroba do boi gordo caiu 8,82% na parcial de janeiro. O indicador apontava negócios a R$ 193,25 no dia 29 de janeiro. Apesar da queda, o preço está 27% mais alto que em janeiro de 2019. Mas, fevereiro já recomeça com uma sensível alta. Na parcial mais recente, registrada na última sexta-feira, o preço da arroba chegou a R$ 195,40, alta de 2,41% apenas neste mês.
Se no final do ano passado, a maioria dos comerciantes que tem na carne um dos ingredientes mais importantes, decidiu não repassar ao consumidor nenhum reajuste, a mesma tendência não se observa mais. Ivaldo Lunelli, proprietário do Bauru do Ivaldo, que fica no bairro Panazzolo disse que subiu R$ 5 o preço do bauru e a la minuta.
_ No ano passado, eu pagava R$ 27 e hoje compro por R$ 35 o quilo do coxão mole. Então, além do bife tem mais o presunto, o queijo, o tomate para o molho, que também aumentou, Então acabei aumentando o preço do bauru de R$ 75 para R$ 80 _ explica, dizendo que sua margem de lucro está menor.
CUSTO-BENEFÍCIO
Parece pouco, mas o consumidor tem reclamado do aumento. O mesmo observa-se na Churrascaria Laço de Ouro, no bairro de Lourdes. Com 20 anos de tradição, o restaurante reajustou os preços das 3 opções de rodízio em R$ 2, mesmo assim não escaparam da espetada dos clientes.
_ Nós aumentamos R$ 2, mas o certo era ter subido R$ 10, para acompanhar o aumento do preço junto aos fornecedores. Pra nós, só no mês de dezembro, nosso custo aumentou R$ 20 mil. Faz a conta: comprei mil quilos de vazio com aumento de R$ 10, o quilo, só aí dá R$ 10 mil a mais de custo _ reclama Elton Bettio, sócio proprietário da Laço de Ouro, em parceria com Marciano Pedro Zambiasi.
Para se ter uma ideia o espeto corrido de Espeto corrido custa atualmente R$ 62,90, por pessoa. No domingo, o preço fica em R$ 59,90. Numa época em que todos estão recorrendo a calculadora para saber qual o melhor custo benefício, Zambiasi e Bettio defendem seu peixe. Além da opção de comer no restaurante, há quem prefira comprar a carne assada e levar para casa. Na Laço de Ouro, há diversas opções, que variam de R$ 62,90 a R$ 79,90.
_ A pessoa olha o preço, R$ 80 reais o quilo pra comer picanha, mas pensa comigo, um quilo dá pra três pessoas comerem. Então, se dividir o custo dá um pouco mais de R$ 25 pra cada um. Ou seja, é o mesmo preço de comer um xis _ argumenta Bettio.
E Zambiasi complementa:
_ Tu vem aí comprar uma carne, todo domingo tem gente que vem pra levar. Se tu vai no açougue comprar carne pra churrasco, acaba ficando mais caro, e nem sempre tem a qualidade que a gente consegue oferecer aqui.