É comum no discurso político a prioridade com a educação. O que se observa na prática, entretanto, é o sucateamento e a perda de representatividade das escolas, que seriam os alicerces da cidadania. Com o desamparo público, o que resta é o olhar de solidariedade e a visão de empresas como a Marcopolo, que, por meio de sua influência e porte, busca resgatar a importância de instituições de ensino, por meio do Projeto Escolas. A iniciativa é desenvolvida desde 2003 pela Fundação Marcopolo, braço social da empresa.
Por meio da ação, escolas de Caxias do Sul são selecionadas a cada três anos para receber plena atenção: estudantes de 5 a 16 anos, professores, pais e a estrutura física são contemplados por oficinas e intervenções no dia a dia.
— Envolvemos desde a construção do ano letivo das escolas, até atividades práticas para estudantes, professores e pais. A gente entende que, se não trabalharmos esse trio, não conseguimos transformar aquela escola como referência no bairro e também resgatar o sentimento de pertencimento e valorização da escola — destaca a especialista de Responsabilidade Social da Fundação Marcopolo, Creice Pellin Santiago.
As atividades abrangem cultura, esporte e capacitações de semiprofissionalização. Além disso, a empresa investe de forma constante em reformas de escolas.
— A ideia é desenvolver inteligência emocional no estudante para que tenha a capacidade de entender o que acontece com ele. Focamos muito na educação com olhar mais sistêmico, de construção de cidadãos, e não só o técnico. Trazer adolescente para jogo de futebol, para desenvolver atividades como música ou oficina, constrói outro olhar de mundo — complementa.
Além do suporte pedagógico, a Fundação Marcopolo também ambienta os jovens para o mercado de trabalho e encaminha parte deles para formação dentro da própria empresa.
Até hoje, mais de seis mil alunos de 10 escolas públicas da cidade foram beneficiados. Se a gratidão da comunidade escolar já seria o suficiente, o projeto também recebeu reconhecimento da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul por meio do Prêmio de Responsabilidade Social, entregue na última quarta-feira (27).
— A gente precisa que a comunidade esteja bem, que as pessoas estejam bem para a empresa crescer. Ter uma comunidade sadia também auxilia que essas pessoas estejam dentro da empresa no futuro _ ressalta Creice.
Mesmo após o encerramento do convênio, a Fundação permanece com acompanhamento às escolas que participaram do projeto.
Ampliando horizontes
Uma das instituições contempladas pelo projeto foi a Escola Municipal Marianinha de Queiroz, no bairro São Cristóvão, pertinho de Ana Rech, sede da unidade da Marcopolo.
Lá, aos 13 anos, o estudante Daniel dos Reis Assis teve o primeiro contato com a música, por meio do Projeto Escolas.
— A chegada da Marcopolo posso dizer que foi o auge da minha juventude. Abriu a minha mente demais. Eu era aquele adolescente revoltado. O projeto foi o que me impediu de fazer tantas coisas erradas que poderia ter seguido — relata o jovem, que hoje, aos 18 anos, continuou a se dedicar à música e sonha em viver dela.
Daniel atualmente cursa o 2º ano do Ensino Médio. É jovem, mas já tem uma visão do que quer para o futuro. Após concluir os estudos, ele afirma que a ideia é se graduar em Música.
— Já toquei na Orquestra (Jovem) do Rio Grande do Sul, na Florescer (da Randon) e na Orquestra do Cristóvão. Ano que vem, quero ver se consigo uma vaga na Orquestra Municipal — afirma o jovem.
Além da vocação descoberta por Daniel, o indicativo de sucesso projeto está na própria absorção das atividades por parte da (escola) Marianinha, que continua os trabalhos com orquestra própria, além de desenvolver outros projetos iniciados pela Fundação Marcopolo entro da escola.
O projeto
:: Pilares: estudantes, professores, pais, estrutura física das escolas.
:: Como participar: escolas públicas (estaduais ou municipais) interessadas devem se inscrever nos editais lançados pela Fundação Marcopolo a cada três anos. O próximo está previsto para a metade de 2020.
:: Dez escolas públicas foram atendidas nos 16 anos de projeto.
:: Mais de 6 mil estudantes foram beneficiados pelas atividades.
:: Informações: www.fundacaomarcopolo.com.br/projeto-escolas
As atividades
Orquestra jovem: para jovens a partir dos 12 anos. Recebem instrumento para praticar em casa.
Coro Infantil: para alunos a partir dos 7 anos.
Coro Juvenil: voltado a adolescentes com mais de 14 anos.
Atividades recreativas: futebol de campo e futsal, oferecidos para jovens de 6 a 15 anos.
Roda de conversa: escuta qualificada com estudantes para troca de experiências e livre diálogo.
Programa Capacitar: capacitações para estudantes, pais e professores. Palestras para pais e oficinas de xadrez. É oferecido também curso de LID e Metrologia com certificação para alunos do nono ano.
Recicla: oficina que transforma materiais escolares e de escritório que seriam descartados em itens reutilizáveis.
Oficina de costura: reaproveitamento de sobras industriais da Marcopolo para transformação em novos produtos.