Na esteira do aumento constante do consumo de suco de uva no país, algumas vinícolas decidiram apostar em novos nichos de mercado nos últimos anos. Desta maneira, começaram a ganhar espaço versões da bebida biodinâmicas e com uvas viníferas, além de rótulos feitos com motivação religiosa. A elaboração destes produtos, na maioria das empresas, ainda é reduzida, mas encarada com potencial para crescimento a longo prazo.
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Com fabricação de sucos orgânicos desde o início dos anos 2000, a cooperativa Garibaldi, de Garibaldi, decidiu ir um passo além. A empresa lançou, no início deste ano, o primeiro suco biodinâmico do país. Assim como a produção orgânica, a biodinâmica também abole o uso de químicos no cultivo das uvas. A técnica ainda leva em consideração a interação do ser humano com a terra e o cosmo. Sendo assim, aspectos como as fases da lua, por exemplo, influenciam o momento da semeadura, da poda e da colheita da fruta.
A Garibaldi produz cerca de 30 mil litros anuais da bebida biodinâmica. No caso dos orgânicos, o envase já chega a 500 mil litros anuais. Os volumes são modestos se comparados com o total de 11 milhões de litros de sucos que saíram da fábrica na Serra em 2018 e deixaram R$ 70 milhões em caixa. O diretor administrativo da cooperativa, Alexandre Angonese, afirma que um dos desafios é popularizar os produtos hoje tidos como de nicho.
– O consumidor ainda não entende bem a diferença de um suco natural para um orgânico ou biodinâmico. Vemos na produção de orgânicos e biodinâmicos uma alternativa para melhorar a qualidade de vida dos nossos associados e uma maneira de associar a imagem da cooperativa à sustentabilidade – salienta.
Dos 400 associados da cooperativa, 25 entregam uvas orgânicas e outros quatro fizeram a conversão das parreiras para efetuar o plantio biodinâmico. Segundo Angonese, a tendência é de que a produção do suco biodinâmico cresça, em média, 20% ao ano.
Já a Casa Madeira, de Bento Gonçalves, encontrou no judaísmo a motivação para criar uma nova versão do seu suco integral. Há quatro anos, a empresa fabrica uma bebida kosher, seguindo as leis da religião. Tudo começou após um grupo de judeus ortodoxos de São Paulo visitarem a vinícola e terem feito uma proposta de parceria à marca, que pertence ao grupo Famiglia Valduga.
O processo de fabricação do suco kosher se assemelha ao do integral tradicional. A única diferença é que um rabino e outros dois ajudantes, também judeus, participam de todas as fases de elaboração, fazendo desde a limpeza dos tanques até o acompanhamento do envase nas máquinas. Durante o período de elaboração, a vinícola é fechada apenas para os judeus.
– A cada ano trabalhamos dois ou três dias para o suco kosher. Neste ano, fizemos 50 mil litros. É um volume que está tendo leve crescimento – explica Daniel Dalla Valle, diretor enológico do grupo Famiglia Valduga.
Além da bebida kosher, outra aposta inusitada da Casa Madeira está na produção de sucos com uvas viníferas. A empresa possui rótulos do tipo à base de moscato e cabernet sauvignon. Neste caso, o volume envasado chega a 15 mil litros a cada ano.