Eles saem, mas voltam. A reclamação dos lojistas é recorrente. Os ambulantes que tomam conta das calçadas, principalmente no centro da cidade, ocupam cada vez mais espaços.
— Está cada vez pior — reclama o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul, Ivonei Pioner.
O cenário é preocupante e polêmico. De um lado está a “compaixão” de parte da população que defende quem está tentando ganhar uns trocados para poder sobreviver, principalmente haitianos, senegaleses e caxienses desempregados. Do outro, estão os comerciantes, que deixam de vender, de faturar e de pagar impostos.
Na ponta desta polêmica está a comunidade, que acaba sendo prejudicada por falta de investimentos em áreas essenciais por conta da redução na arrecadação de tributos.
— Todos somos prejudicados. O lojista é só o primeiro da lista — aponta Pioner.
No último sábado (6), o chão de pelos menos dez quarteirões nas vias centrais de Caxias estava tomado de produtos, a maioria importados da China. Era difícil caminhar nas calçadas. Em vésperas de uma data forte para o comércio, o Dia das Crianças, a revolta dos empresários do setor fica evidente.
Concorrência desleal
A presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas), Idalice Manchini, avalia como extremamente preocupante a atual situação. Além do aumento no número de ambulantes, ela destaca a diversidade de produtos que também está cada vez maior.
— É uma concorrência desleal. Muitas lojas estão fechando, poia até mesmo o acesso aos estabelecimentos está sendo obstruído, o que intimida o consumidor a entrar — observa Idalice.
Uma nova audiência com o prefeito está sendo solicitada pelo Sindilojas para avaliar as ações prometidas pelo poder público na última reunião, realizada em 5 de agosto, em que houve um comprometimento de uma ação efetiva por parte prefeitura.
— Não vai adiantar. As ações da prefeitura são tão fracas que nem se percebe quando são realizadas — protesta Pioner.
O Sindilojas reuniu entidades ligadas à segurança do município para buscar apoio no lançamento de uma campanha no próximo mês para conscientizar sobre a importância de comprar de quem está legalizado e dá garantias ao consumidor.
O secretário municipal da Segurança, Clóvis Pacheco, admite que o assunto é uma “queda de braço” e que não tem efetivo suficiente para fazer ações diárias no Centro. Explica que aconteceram muitos eventos na cidade nos últimos 30 dias. Isso exigiu que o efetivo da secretaria priorizasse outras ações. Ressaltou, no entanto, que novas medidas já estão programadas para esta semana.
— Não queremos criar confrontos. Estamos buscando informações sobre a origem e os fornecedores desses produtos — sinaliza Pacheco.
Incremento de até 4% nas vendas
Apesar do comércio ilegal que toma conta do centro de Caxias do Sul, Sindilojas e Fecomércio-RS estimam um crescimento entre 3% e 4% nas vendas para o Dia das Crianças em relação ao ano passado. Além disso, as lojas de Caxias, Flores da Cunha e São Marcos podem funcionar com a mão de obra de seus empregados, mediante certificado emitido pelo Sindilojas.
— Ao motivar o funcionamento do comércio varejista, contribuímos para movimentar a economia e também o turismo da nossa cidade — avalia Idalice.
Segundo o Fecomércio, os brinquedos, preferidos nesta data para presentear, tiveram redução de preço de 2,98%. Também está sendo apontado crescimento na venda de tecidos, vestuário e calçados, que englobam o vestuário infantil, e de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, que envolve a comercialização de jogos e aparelhos eletrônicos, incluindo celulares e tablets.
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