A capacidade de reinvenção é a receita que guiou o crescimento do BaitaKão ao longo de quatro décadas de existência. O trailer de cachorro-quente criado durante a Festa da Uva de 1972, logo se transformou em um trailer de lanches, que em seguida virou um restaurante de comida rápida na rua Sinimbu e que, nos últimos anos, passou a apostar também no à la carte e no buffet.
Com um faturamento anual de R$ 3,6 milhões, o BaitaKão conta com 50 funcionários em sua estrutura, que atuam 365 dias do ano. A tomada de decisão sobre as próximas mudanças que podem surgir na empresa agora passa pela gerente de marketing Agnicayana Posser, filha de um dos sócios-fundadores da companhia familiar. Recentemente, ela embarcou rumo a Chicago, nos Estados Unidos, para visitar uma feira sobre tendências do setor de alimentação.
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Agnicayana acompanhou uma comitiva de 14 empresários gaúchos do ramo, que incluiu também dirigentes das caxienses Galeteria Alvorada e DoceDocê Café. Entre os aspectos que devem ganhar força, segundo Agnicayana, estão a automação, o uso de alimentos orgânicos nos lanches e também os pedidos vindos por meio de celulares e tablets. Confira a entrevista:
Pioneiro: Como você vê o futuro do BaitaKão daqui a cinco ou dez anos?
Agnicayana Posser : Eu vejo que, em questão de alimentação, (o mercado) é muito dinâmico. É difícil dizer o que vai acontecer daqui a cinco ou dez anos, porque às vezes a mudança é imediata. É o que acontece com hambúrgueres gourmet, por exemplo. A tendência surgiu e a gente tem que acompanhar ela, mas não sabe até quando isso é uma tendência que vai ficar ou não. Os próprios food trucks vieram forte e hoje já se vê uma decadência. As tendências da gastronomia são bem dinâmicas. O objetivo do BaitaKão sempre é dar uma variedade de comidas para o cliente. Queremos continuar sendo tradicionais, mas estando sempre na vanguarda da alimentação. Buscamos inovar, mas sem perder o tradicional.
Quais tendências você viu nos Estados Unidos que poderiam ser agregadas pelo BaitaKão?
Uma das questões que eu vi é a das mochilas térmicas, que são acopladas à bateria da própria moto (de tele entrega). Isso é uma das coisas que estamos tentando trazer para Caxias. É algo comum nos Estados Unidos, mas no Brasil é extremamente novo. Vejo a parte de informática como fundamental e vamos investir nisso. Em cinco a dez anos, não vamos mais ter tele entrega por telefone. A gente vai ter tele entrega por aplicativo. O autosserviço vai ficar mais forte no nosso setor.
Hoje em dia vocês já recebem pedidos por aplicativos. Qual a parcela dos pedidos por celulares e tablets no total da tele entrega?
Ainda não temos um dado certo, porque os aplicativos oscilam muito. Tem mês que tu vendes bastante no aplicativo e outros que tu praticamente não vendes. Mas vejo como uma tendência. Hoje, em torno de 20% a 25% dos pedidos já vêm de aplicativos. Dentro de pouco tempo vai ser 50% a 50% (entre pedidos por aplicativos e por telefone). Em questão de dois a três anos, já vamos estar nesse patamar.
Durante a recessão, como está a situação do BaitaKão? O faturamento e o número de funcionários têm sido afetados?
A gente tem conseguido se estabilizar, porque temos constante inovação. Estamos sempre reinvestindo no negócio e trabalhando com os funcionários, tentando desenvolvê-los junto conosco. Agora estamos fazendo treinamento com todos os nossos garçons, que estão participando de 20 horas de capacitação com o Senac. Queremos que eles se desenvolvam. Eu não quero girar funcionário. Quanto mais tempo de casa o garçom tem, mais o cliente conhece ele e cada vez mais vai se sentir em casa. A gente teve períodos de recessão, mas na média, conseguimos ficar estáveis. Sem crescimento, mas pelo menos não tivemos queda. O faturamento está em torno de R$ 3,6 milhões ao ano, a última faixa do Simples Nacional.
Vocês abrem todos os dias do ano. Essa é uma marca do BaitaKão que seguirá inalterada?
A gente só fecha no dia 31 de dezembro, por um turno à noite. Caxias já tem um publico que aceita e tem a necessidade de ter o restaurante aberto em todos os dias do ano, mas também temos que ter toda uma organização com funcionários e estrutura para conseguir fazer isso. Precisamos ter uma estrutura de pessoal maior para atender todos os dias. Abrimos às 11, às 14h30min e a partir das 18h. Chegamos a abrir pela tarde, mas desistimos porque não existia fluxo de pessoas que permitisse isso. O caxiense reclama que está tudo fechado à tarde, mas, ao mesmo tempo, não tem gente suficiente que consuma à tarde, para ficar aberto. É até um pouco contraditório isso.
O Baitakão começou durante uma Festa da Uva, em 1972. Como vocês avaliam o adiamento da próxima edição da Festa para 2019?
Quando estamos numa época de recessão econômica, temos que promover nosso negócio. Se a Festa da Uva é a forma de promover a cidade, não importa se estamos em recessão, precisamos promover para que o dinheiro entre. Se nós, como administradores, tivermos uma recessão e começarmos a cortar as coisas que a gente faz dentro da empresa, a empresa vai acabar morrendo. A Festa da Uva gira dinheiro na cidade, em restaurantes, hotéis, lojas. A festa gira dinheiro. E, em época de economia fraca, precisamos girar dinheiro.