A safra da uva 2017 merece ser comemorada. Após uma quebra de 65% na colheita de 2016, este ano os produtores tem muito a festejar. Embora não tenha sido recorde, a produção em Caxias deve chegar a 70 milhões de quilos – 10% da produção no Estado, que dele alcançar os 700 milhões de quilos.
Os números ainda não foram finalizados pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), mas a previsão é de uma boa safra. Tanto em quantidade, como em qualidade. Por enquanto, o recorde fica com a colheita de 2011, quando o RS ultrapassou os 702 milhões de quilos.
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Caxias ocupa o terceiro lugar no ranking de produção no RS. O primeiro e segundo ficam com Bento Gonçalves e Flores da Cunha, respectivamente. Caxias tem uma área de 4 mil hectares de parreirais.
A família Pagliosa, de Caxias, comemora os bons números. Tanto na fruta quanto no vinho. Localizada na Terceira Légua, colheu este ano 150 mil quilos. Com a compra de uva de outros produtores, a produção de vinho bateu os 100 mil litros. Cerca de 5% a mais que 2015.
– Felizmente recuperamos parte da quebra (70%) da safra de 2016 – comemora o proprietário da vinícola Pagliosa, Leandro Pagliosa.
Aos 49 anos, ele cresceu vendo os pais colherem uva e fabricando vinhos. Hoje, três famílias vivem da produção dos cerca de oitos hectares de área plantados. Uma atividade que ultrapassa gerações. A filha, Letícia, 15 anos, segue os passos do pai. Está matriculada na Escola Agrícola de Caxias e pretende assumir a propriedade no futuro. O outro filho, Maurício, 12, deve seguir o mesmo caminho.
– Espero que eles preservem a tradição – diz Pagliosa.
Agora, a expectativa é que a comercialização do vinho seja boa. A vinícola só vende o vinho em garrafões de vidro, o que encarece um pouco mais o produto.
– Apostamos na qualidade. O vinho engarrafado em vidro preserva o sabor da uva – explica o vinicultor.
Segundo ele, o vinho vendido em garrafas pet (plástico) e em bags in box contém mais conservantes e reduz o sabor da bebida.
Um brinde à saúde. E à produção!
Uma safra de boa qualidade
Nas regiões mais altas do RS, as últimas uvas deste ano ainda estão sendo colhidas. Para a grande maioria dos vitivinicultores, a vindima já está praticamente encerrada e mais de 90% do volume produzido para processamento já ingressou nas vinícolas.
Segundo o Ibravin, a safra gaúcha deve contabilizar aproximadamente 700 mil toneladas. O total superou a estimativa inicial do setor, de 600 mil toneladas, e representa um aumento de 133% sobre a vindima de 2016. No ano passado, a safra registrou uma quebra histórica de quase 60%. O montante deste ano se aproxima do desempenho de 2015, quando não houve registro de interferências climáticas desfavoráveis.
– O ciclo vegetativo registrado até dezembro foi excelente. A floração, brotação das gemas, formação dos cachos foram muito bons, assim como a sanidade das uvas –, analisa João Carlos Taffarel, pesquisador da Embrapa, presidente da Associação Farroupilhense de Vinhos (Afavin) e membro do Conselho Deliberativo do Ibravin.
Apesar do bom desempenho na fase inicial, em termos de qualidade, a safra deve ficar dentro da normalidade. Mesmo com temperaturas mais altas registradas no período de maturação e colheita, as chuvas registradas a partir da metade de dezembro diminuíram a irradiação solar, o que não favoreceu a tomada de grau dos frutos.
O diretor executivo da Federação das Cooperativas Vinícolas do Estado do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Helio Marchioro, diz que a recuperação de volume da safra ajudou tanto os produtores de uva como os de vinho.
– O preço mínimo subiu, não sobrou uva nos vinhedos e as vinícolas equilibraram os estoques de passagem – observa o executivo.
Ano Volume (milhões de quilos)
2011...............................709,6
2012..............................696,9
2013..............................611,3
2014.............................606,1
2015............................702,9
2016...........................300,3