Em meio a uma das mais severas crises – com queda de 22,5% em 12 meses –, a indústria de Caxias teve motivos nobres para brindar na gelada noite de terça-feira, em Porto Alegre. Pelo quarto ano consecutivo, um empreendedor da Serra recebeu a condecoração máxima da indústria brasileira.
Hugo Domingos Zattera, presidente do conselho de administração e diretor-presidente da Agrale e de suas subsidiárias, subiu ao palco para receber a Ordem do Mérito Industrial, pelas mãos do presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Heitor José Müller, e do vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Glauco José Côrte, também presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
A comenda refere-se a "uma trajetória que vai dos tempos de office boy no antigo Sulbanco até a presidência da Agrale, de Caxias do Sul", pontuou em seu discurso Müller. O dirigente gaúcho observou que o setor industrial do Rio Grande do Sul mostra sua vitalidade, mesmo nesse período em que se conjugaram as crises política e econômica, gerando o que se denomina "tempestade perfeita". Outros três empreendedores da Serra foram homenageados com a premiação nos últimos anos: Clovis Tramontina (da Tramontina) – em 2015, Paulo Bellini (da Marcopolo) – em 2014 e Raul Randon (do grupo Randon) – em 2013.
Reforçando o seu perfil modesto e generoso, Zattera compartilhou o mérito, afirmando que "essa honrosa distinção não é apenas para a minha pessoa. Entendo ser uma homenagem à trajetória das empresas que tenho tido o privilégio de dirigir. Trajetória essa construída ao longo de mais de meio século, por sucessivas equipes de competentes companheiros de trabalho, que souberam construir e desenvolver empresas genuinamente brasileiras, num meio difícil como o nosso".
Nascido em 23 de março de 1940, de uma família de agricultores do interior de Caxias, e graduado em Economia pela UCS, o empresário finalizou o discurso na cerimônia na Fiergs fazendo graça, evocando uma frase que viu escrita num Chevettão:
"Nasci pelado, careca e sem dentes, todo o resto é lucro". E, arrematou:
– Vamos comemorar o lucro que temos.
