Aliadas na manutenção do peso do gado, as forrageiras foram alvo de replanejamento em diversas propriedades rurais do Estado este ano. O preço da principal gramínea utilizada, o azevém, subiu 94,4% do ano passado para cá. Ainda assim, apostando em um bom momento da pecuária, produtores não diminuíram as áreas plantadas. A solução encontrada foi diversificar o plantio de forrageiras, apostando em outras variedades, como a aveia.
Em Bagé, na região da Campanha, o preço mais alto do azevém fez com que o produtor de leite Luís Vagner Mendonça, 50 anos, diminuísse a quantidade de sementes da gramínea e aumentasse a de aveia. Se em 2009 Mendonça plantou cinco hectares de azevém e um hectare de aveia, em 2010 a proporção foi ao contrário.
- Espero que a aveia supra as necessidades nutricionais do gado. Preciso que as vacas leiteiras estejam bem alimentadas para produzir bem - expõe o produtor.
Seguindo à risca o fenômeno da lei de oferta e procura, o aumento no preço do azevém se devem à escassez de sementes no mercado devido, principalmente, à chuva no período de primavera, época de colheita da semente.
- Se tem menos produto no mercado e a procura é grande, a tendência é o preço subir. Desde 2008 o preço da semente estava estabilizado - analisa Sadi Pereira, vice-presidente da Sulpasto, uma associação de Ijuí que reúne produtores de sementes forrageiras.
Pereira alerta que os preços variam muito de acordo com a região do Estado. Nas regiões de tradição de produção de sementes, como o Noroeste, o quilo da semente do azevém pode ser encontrado a R$ 2,50. Na Campanha, a R$ 3,5.
Para Fernando Adauto Loureiro de Souza, consultor de pecuária da Federação da Agricultura do Estado, o motivo também poder ser outro: o aumento de áreas agrícolas:
- O Estado está plantando mais, acaba saindo mais sementes, e o preço aumenta. Além da questão climática que diminui as sementes no mercado, o preço praticado em anos anteriores pode ter desestimulado o investimento em sementes de azevém nesse ano - afirma.
Mendonça, entretanto, pode ficar tranquilo quanto ao valor nutricional da aveia, segundo o assistente técnico da área de criação e forrageiras do escritório regional da Emater em Bagé, Fábio Schlick. O alimento é tão rico quanto o azevém, mas por ser mais precoce que o azevém tem um ciclo menor.
- Já se pode colocar o gado depois de 60 dias do plantio enquanto o azevém se coloca, em média, 90 dias depois. A aveia alimenta os animais por 60 a 90 dias, o azevém por mais 150 dias no mínimo - explica.
Schlick também alerta que a aveia exige maior quantidade de semente por hectare do que o azevém. Enquanto num hectare de azevém é necessário de 20 a 25 quilos de semente, no hectare de aveia é preciso de 60 a 80 quilos de sementes.
- Tanto um quanto outro proporcionam engorda de um a 1,5 quilo por animal diariamente. Em vacas de leite a produção não fica abaixo dos 12 litros só com esse tipo de alimentação - complementa o técnico.
Economia
Alta no preço do pasto faz produtores gaúchos replanejarem estratégias
A principal forrageira usada, o azevém, subiu 94,4% no último ano
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