A Ford convocou ontem proprietários de 166.460 veículos Ka, modelos 2008, 2009 e 2010, para um recall com o objetivo de inspecionar um componente do sistema elétrico chamado de chicote, sujeito a curto-circuito e a risco de incêndio. Os donos dos modelos devem procurar as concessionárias da marca a partir da próxima segunda-feira para realizar a inspeção gratuitamente ou agendar por telefone (veja quadro). Não há prazo determinado para a revisão dos componentes.
O recall, segundo da Ford neste ano, representa 91% da frota do novo Ka, lançado em 2008. A assessoria de imprensa da companhia informou que os proprietários podem continuar utilizando os veículos normalmente antes de realizar a inspeção, que foi convocada depois de serem registrados problemas decorrentes de falhas no sistema de transmissão elétrica. A empresa, porém, não especificou quantos casos foram constatados e nem a gravidade dos problemas.
É o 19º recall da indústria automobilística em 2010. Desde 12 de janeiro, mais de 770 mil veículos já foram chamados às concessionárias para reparos. As convocações, porém, não preocupam o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça. Segundo a porta-voz do órgão, Fernanda Klier da Silva, a Ford está tomando os procedimentos recomendados pelo Código de Defesa do Consumidor.
- É positivo quando uma empresa reconhece que há defeito em seus produtos - avalia.
Especialista no segmento automotivo, o professor José Roberto Ferro credita a grande quantidade de recalls ao ambiente "altamente competitivo".
- Os problemas, quando constatados, são consequência da pressão crescente por mais tecnologia e por menos preço. Pressão muitas vezes do próprio consumidor - afirma.
A advogada Polyanna Carlos da Silva, da ProTeste (associação de defesa do consumidor), considera o número de convocações preocupante.
- Está virando regra. Os carros deveriam sair de fábrica com qualidade que garantisse a segurança dos consumidores, mas a quantidade de recalls denota que está havendo uma falha no processo produtivo - diz.
*Com agências
Cronologia de problemas
12 DE JANEIRO
Entre 12 de janeiro e ontem, foram registrados, no Departamento de Proteção de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, 19 recalls de veículos, o que envolve 771.599 carros. Veja as principais campanhas:
A Audi faz recall do Q5, devido a um problema no revestimento da coluna do lado em que o air bag é disparado.
29 DE JANEIRO
- A possibilidade de apagamento dos faróis leva a Peugeot Citroën ao recall de 13.739 modelos 307 CC e 307 SW.
5 DE FEVEREIRO
- 186.902 Fit são convocados pela Honda para reparos no interruptor de comando dos vidros elétricos.
10 DE FEVEREIRO
- Problemas no rolamento das rodas traseiras motivam o recall de 210.619 novo Gol e Voyage, da Volkswagen.
24 DE FEVEREIRO
- 322 modelos XC60, da Volvo, são convocados. O problema é a possibilidade de desprendimento dos cintos de segurança do motorista e do passageiro dianteiro.
12 DE MARÇO
- A Fiat detecta o risco de quebra do cubo da roda traseira e soltura da roda em 52.474 modelos Fiat Stilo. E a Nissan convoca 10.624 Frontier, devido à possibilidade de soltura da junta da coluna com a caixa de direção.
31 DE MARÇO
- O risco de perda de torque dos parafusos de fixação da válvula de controle da entrada de ar no motor leva a Mitsubishi a reparos em 5.436 Pajero TR4 Flex.
1º DE ABRIL
- O recall da Peugeot Citroën abrange 226 Peugeot 207. Motivo: problemas na tubulação de alimentação de combustível de partida a frio.
9 DE ABRIL
- Em uma nova campanha, a Peugeot Citroën anuncia reparos em 6.215 modelos C4 Hatch e Pallas, devido à rigidez da direção no caso de manobra de evasão de emergência.
28 DE ABRIL
- O recall do novo Fusion, da Ford, deve-se a variações na produção do mecanismo reclinador do encosto do assento dianteiro direito. São 861 carros.
4 DE MAIO
- A Toyota faz recall de 117.216 modelos da nova geração do Corolla. Motivo: colocação do tapete genuíno.
21 DE MAIO
- Problemas no chicote elétrico motivam campanha para 166.460 modelos do novo Ka, da Ford.