Com a chegada do final do ano, é comum que a ansiedade, o nervosismo e a vontade de colocar todas as demandas em dia surjam. Esse comportamento, no entanto, pode causar o que especialistas chamam de “Dezembrite”. Apesar de não ser uma expressão reconhecida formalmente na psicologia, explica o que muitos sentem durante esse período.
— Todo mundo está estressado, correndo no trânsito, lutando para resolver as pendências de um ano inteiro. Por isso, o nível de ansiedade fica muito elevado, já que soma-se a isso o fato de termos encontros familiares que podem desencadear ainda mais tensão. A gente tem uma pressão social, uma expectativa pessoal e uma autocobrança que contribuem para uma exigência emocional cada vez maior — explica o psicólogo Richard Avila, mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Por isso, muita gente pode sentir ansiedade, preocupação e cansaço físico e mental além do normal. Algumas pessoas podem até apresentar insônia, já que os pensamentos ficam acelerados com as preocupações do fim de ano.
— Fica o pensamento de que "tenho que terminar o ano com tudo em dia", tanto na parte empresarial, mas também em questões domésticas, como a faxina do final do ano, e-mails não respondidos, reuniões não feitas, metas não batidas...
Dicas para não surtar com a "dezembrite"
Para evitar o estresse e a ansiedade além do que é saudável, Avila indica que sejam feitas listas, preferencialmente escritas em papel, com uma retrospectiva do que foi positivo no ano que passou.
— A gente sobrecarrega uma área do cérebro chamada pré-frontal (com o estresse). Se a gente já está ansioso, provavelmente o pré-frontal também já está sobrecarregado. Quando a gente coloca o planejamento e a retrospectiva por escrito, a gente está fazendo uma redistribuição dessa atividade neuronal para outras regiões — explica o profissional.
Para quem lida com ataques de pânico, outra dica importante do psicólogo é a respiração diafragmática.
— Para algumas pessoas, o ataque de pânico pode ficar mais frequente. Alguns pacientes tem aquela sensação que o peito vai explodir, ou vai sair o coração pela boca. Nesse caso, a dica é respirar fundo, inspirar pelo nariz e soltar pela boca mas, ao invés de inflar o peito, inflar a barriga. Não é tão intuitivo, mas funciona — afirma.
Outra dica elencada por Avila é manter ou iniciar terapia com um profissional qualificado. Para ele, não é necessário esperar o novo ano para tomar atitudes de cuidado com a saúde mental.
— Ao invés de evitar e deixar para depois, já é interessante começar agora, ter pelo menos um encontro, talvez dois, para conseguir se organizar, pegar alguma técnica específica que melhore a ansiedade do final do ano — aponta.