Reconhecido como um dos mais importantes escritores da literatura brasileira contemporânea, o escritor baiano Itamar Vieira Junior, 45 anos, é um dos principais convidados da 40ª Feira do Livro de Caxias do Sul.
Itamar participa neste domingo (13) do bate-papo Narrativas que atravessam vozes, gerações e temas, no palco da Praça Dante Alighieri, a partir das 15h.
Recentemente, o escritor ultrapassou a marca de 1 milhão de exemplares vendidos, somando seus quatro títulos publicados pela Todavia: Torto arado, Salvar o fogo, Doramar e Chumpim. Não se trata de um milhão de discos ou um milhão de seguidores. É um milhão de livros — em um país com os piores índices de leitura no mundo —, o que torna Itamar o escritor mais pop do país, na atualidade.
— Isso desperta o interesse não só pelo que o Itamar escreve, mas pelo que os contemporâneos do Itamar estão escrevendo. Acho que é um motivo para celebrar. E não sou só eu que estou nesse lugar. Outros autores como a Carla Madeira vendeu muito mesmo e deve estar próxima dessa marca. O Jeferson Tenório também. Só com O Avesso da Pele ele vendeu mais de 200 mil exemplares. A Aline Bei recentemente chegou a mais de 100 mil exemplares vendidos. Esses números, em qualquer lugar do mundo, são celebrados. Isso mostra a força da literatura brasileira — reverencia Itamar, em entrevista por telefone.
A história sempre foi contada a partir de uma perspectiva dos privilegiados, daqueles que conseguiram algum destaque.
ITAMAR VIEIRA JUNIOR
escritor
Vencedor dos prêmios Leya, Oceanos e Jabuti, Itamar é geógrafo e doutor em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia. Como geógrafo, é servidor público no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Na literatura, Itamar é da corrente de escritores brasileiros que ficcionaliza um Brasil ainda invisibilizado, cuja historiografia e etnografia estavam acessíveis apenas para quem se debruçara a pesquisar o país a fundo.
— Eu me interesso pela história brasileira. E eu acho que pode ser contada de inúmeras formas. A história sempre foi contada a partir de uma perspectiva dos privilegiados, daqueles que conseguiram algum destaque. Poucas vezes a gente deu atenção e quis conhecer aqueles que simplesmente estiveram à margem, lutando em frentes diferentes ou pessoas que não ocuparam cargos importantes, mas são partes importantes dessa engrenagem. Sobre as pessoas invisibilizadas, não quer dizer que elas não tenham dado sua imensa contribuição para o que nós somos. Tento lançar luz sobre esse fenômeno — explica Itamar.
O livro mais recente de Itamar é também sua estreia na literatura para a infância. Chupim, em coautoria com a artista plástica Manuela Navas, descreve uma pitoresca história. Nela, o pequeno Julim, em sua primeira vez nos campos de arroz, observa os adultos plantando e colhendo. Enquanto isso, a criançada espanta os chupins, uma espécie de ave. Afinal, que mal pode fazer um passarinho?
— Esse é o meu primeiro livro para a infância que publico, não o que eu escrevo. Para contar essa história eu voltei a uma passagem de Torto arado que conta a história de crianças que trabalhavam no campo espantando um pássaro que era tido como uma praga, e esse pássaro é o chupim. Nesse trecho do romance tudo de ruim se fala sobre chupim. E agora é uma criança que vai restituir a dignidade desse personagem — revela o autor.
Livros publicados
- "Dias" (2012)
- "A oração do carrasco" (2017)
- "Torto arado" (2019)
- "Doramar ou a odisseia: histórias" (2021)
- "Salvar o fogo" (2023)
- "Chupim" (2024)
Programe-se
- O quê: bate-papo Narrativas que atravessam vozes, gerações e temas, com o escritor Itamar Vieira Junior. Mediação de Marcelo Mugnol
- Quando: domingo (13), às 15h
- Onde: Praça Dante Alighieri
- Quanto: entrada franca