Aprender um novo idioma é sinônimo de mais oportunidades no mercado de trabalho. A língua inglesa, em alguns casos, é até pré-requisito para vagas de trabalho em grandes companhias. No entanto, não é apenas o idioma inglês que abre novas oportunidades.
No Programa de Línguas Estrangeiras (PLE) da Universidade de Caxias do Sul (UCS), por exemplo, o italiano e o espanhol também registram grande procura. Mandarim, japonês e francês vêm logo a seguir, enfatiza a coordenadora do programa, Sabrina Fadanelli.
Foi justamente com o objetivo de ampliar possibilidades e abrir portas no mundo acadêmico que a caxiense Luiza Danelus buscou aprender e praticar a língua francesa com um intercâmbio de seis meses em Lyon, na França. Estudante de biomedicina, ela planeja utilizar o idioma como um meio para buscar uma bolsa de pós-graduação ou de mestrado no país europeu.
— Eu ia a passeio e comecei a estudar em casa mesmo, mais ou menos uns seis meses e já peguei bem. Quando fui pra lá, eu conseguia me comunicar, mas eu não tinha noção nenhuma de entender, porque eu não tinha com quem praticar o francês. Lá tem muitas oportunidades na minha área, então, foi um interesse que surgiu e já tenho outros planos futuros de voltar — conta Luiza.
Além do francês, a estudante já domina o inglês e o espanhol, que também foram aperfeiçoados na convivência com os colegas de intercâmbio. Agora, ela também estuda italiano, por uma tradição familiar, já que tem descendência.
— É muito legal fazer essas correlações, porque depois que tu aprende uma língua, é muito mais fácil aprender outras. A melhor forma de aprender é morando fora, porque tu te obrigas a falar. Tu vais ter de interagir com as pessoas nativas e acho que é isso que impulsiona o aprendizado — enfatiza.
Foi assim, interagindo com as pessoas de diferentes nacionalidades, que a estudante de biomedicina também pôs em prática o inglês e o espanhol, durante viagens pela Europa. Como se hospedou em hostels (uma espécie de albergue), Luiza tinha contato com pessoas de todas as partes do mundo:
— Eu pude estar realmente imersa na cultura, me sentia uma cidadã. Eu sempre viajava, ficava em hostel e isso foi muito bom. Eu visitei 23 países lá, além da França. Isso proporciona uma troca muito rica de experiências, de culturas — resume.
Salão do Intercâmbio será realizado em Caxias do Sul, em setembro
Uma boa oportunidade para quem, assim como Luiza, quer ter uma experiência internacional é o 8ª Salão do Intercâmbio, que será retomado depois de um hiato de quatro anos. O evento está marcado para o dia 28 de setembro, das 14h às 19h, no Tri Hotel (Rua Garibaldi, 153). Entrada franca.
Organizado por cinco agências do setor, o Salão do Intercâmbio, reúne expositores, escolas, empresas e demais interessados para troca de informações sobre como vivenciar uma experiência internacional.
Interesse que surgiu ainda na infância
Para a professora de japonês Antônia Torves, o interesse pela língua surgiu ainda quando criança. Fã da boneca Hello Kitty, ela conta que a cultura asiática sempre a encantou. Durante a adolescência, após aprender inglês, decidiu aprender um novo idioma.
— Na época, eu queria aprender coreano. Mas como não tinha aula de coreano em Caxias, eu decidi aprender japonês, já que eu gostava de assistir alguns animes. Fiz aulas na Associação Japonesa de Caxias desde 2019 — relembra.
Atualmente, ela dá aulas do idioma no PLE da UCS, mas segue estudando o japonês. As aulas sempre foram sinônimo de diversão para ela, que conseguiu unir o amor pela cultura asiática e o trabalho.
— Para mim, ir para a aula era muito divertido. Era um desafio, mas era uma coisa que me deixava feliz. Então, eu aprendi com facilidade. No japonês, tem três sistemas de escrita: um que é para palavras japonesas, um para palavras estrangeiras, e tem um que vem dos caracteres chineses. Esse é o mais difícil, então, tem que continuar estudando sempre — diz.
De uma curiosidade à dissertação de mestrado em História
O professor de História, Anderson Nogueira, diz que o seu interesse pelo mandarim surgiu durante a graduação. Mas, desde criança, conta que sempre gostou da estrutura de texto dos idiomas que não tinham origem latina.
— O primeiro contato de línguas do extremo oriente se dá sempre com o Japão. Por causa de filmes e mídias japonesas que a gente consome no Brasil. Eu conheci a estrutura porque um colega gostava. Foi na graduação, no entanto, que eu comecei a atinar que eu queria era estudar a língua chinesa — relembra Nogueira.
Sua imersão começou na UCS, com um professor de Taiwan. Depois, continuou a estudar no Instituto Confúcio, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A prova "prática" ocorreu em um intercâmbio realizado na China, em 2017.
— Foi um desafio. Eu acredito que o mandarim tem um detalhe que é importante. Diferentemente de outros países, que aos poucos foram incorporando o idioma, o mandarim é uma das línguas da China. Existem regiões na China que souberam lidar com idiomas locais há muitos séculos. Uma das dificuldades que eu sempre vou lembrar é das pessoas de mais de 40 anos, que praticamente não foram alfabetizadas no mandarim — destaca.
Agora, Nogueira vai unir o amor pelo mandarim com a dissertação de mestrado em História. O estudo vai aprofundar a consolidação do mandarim padrão na China depois da revolução, a partir de 1949.
Carreira diplomática exige mais do que domínio da língua inglesa
Foi durante a graduação em Relações Internacionais nos Estados Unidos que Georgia Lima entendeu que apenas o inglês não seria um diferencial no mercado de trabalho, principalmente fora do Brasil.
— Lá nos Estados Unidos, todo mundo fala inglês. Então, não era um diferencial. Conversando com os meus professores da faculdade, todos me disseram que para se destacar no mundo, tens que saber falar as línguas da Organização das Nações Unidas (ONU), que, hoje, são inglês, espanhol e o francês. Meu sonho era ser diplomata, então eu sabia que se eu fosse trabalhar em alguma organização internacional eu teria que saber, no mínimo, essas três línguas para me comunicar com, pelo menos, 70% do mundo — avalia.
Por isso, nos Estados Unidos ela aprendeu a falar espanhol, francês e mandarim.
— Eu optei por focar na história da Ásia. Então, comecei a estudar o mandarim, porque eu queria aprender a entender como negociar dentro da língua através da cultura deles, porque Relações Internacionais é basicamente isso: a diplomacia entre os países.
Contrariando a ideia de de que não é possível aprender mais de um idioma ao mesmo tempo, Georgia resolveu aprimorar-se em três línguas estrangeiras.
— Eu aprendi, por exemplo, espanhol e francês em metade do tempo do que a maioria das pessoas. Claro que eu estava numa imersão, então é muito mais fácil. Hoje, eu quero aprender o japonês, mas também estou me dedicando ao mandarim. Para mim é muito melhor estudar duas línguas ao mesmo tempo e, tentar aprender por associação, porque eu sei que tem muita coisa parecida, principalmente na parte de escrita — defende.