A caxiense Lizandra Mello Chinali está na história oficial da Festa da Uva como a 34ª rainha. Depois de quatro meses de uma intensa preparação, ela e as demais embaixatrizes encararam, no sábado, o concurso em uma das noites mais frias do ano. Na manhã de domingo, ainda sem dormir, Lizandra recebeu a imprensa, na casa dos pais, os empresários Alessandra Mello e Luciano Chinali, para o tradicional café da manhã.
A mesa posta, com pão, frutas, tábua de frios, pastéis e biscoito colonial, serviu mais como ambientação para as fotografias do que propriamente para aplacar a fome depois da noite interminável.
— Eu já posso dormir? — brincou Luciano, 46, pai da rainha.
— Só daqui dois anos — respondeu, também em tom de brincadeira, Isabela Marquetti, sócia de Lizandra na agência Her Marketing.
Depois das sessões de fotos, Lizandra e a família atenderam ao Pioneiro, aí sim, à mesa, para a entrevista. Descontraída e bem-humorada, apesar do cansaço, ainda entorpecida pela consagração e de não ter conseguido pregar o olho, ela revelou detalhes sobre os bastidores da preparação. Torcedora do Juventude, dessas que chora ao final de uma partida com sabor de derrota e que grita para incentivar os jogadores, contou que precisou passar por uma entrevista para que o clube a aceitasse como sua candidata.
— Tinha de ser pelo Juventude! Me recordo ainda de quando os desfiles eram transmitidos pela UCS TV, não perdíamos nenhum. Eu ficava ansiosa pelas candidatas do Juventude. Passei por uma entrevista com o pessoal do Juventude, lá dentro do clube, e eu estava bem nervosa. Foi uma conversa bem séria — recorda.
Lizandra complementa:
— Encarar o crivo do Juventude foi bem mais difícil para mim, porque eu queria muito que fosse pelo Juventude. Se eu não conseguisse a frustração teria sido bem maior, com certeza. Porque aí não ia ter Festa da Uva para mim — confidencia.
Passos de balé a caminho da Festa da Uva
Tanto ela quanto os pais, disseram que a ficha ainda não caiu. No entanto, ao revisitar o passado, Lizandra lembrou de dois momentos marcantes que despertaram seu desejo de ser rainha da Festa da Uva. E, os dois, envolvem também a dança, uma das paixões da sua vida.
— Foi o balé que me colocou mais a fundo na Festa da Uva. Porque, em 2012 eu tive a oportunidade de dançar atrás do carro da rainha Roberta Veber Toscan, nos desfiles cênicos musicais. Então, naquele momento eu tive a certeza de que um dia eu queria estar num carro alegórico da Festa da Uva.
Na época, Lizandra tinha 14 anos e dançava na escola Dora Ballet, de Dora Resende Fabião.
— Tem uma foto daquela época em que está a rainha Roberta Veber Toscan, a Dora e eu. Lembro que peguei aquela foto e disse: "Olha só, a Dora está segurando duas rainhas, porque um dia eu vou ser rainha". Lembra, mãe? — diz Lizandra, agora rainha, olhando para a mãe.
— Sim, filha, foi em 2012 —responde Alessandra, 42 anos, empresária.
Entre mil e uma tarefas
Apesar de ser um sonho antigo, Lizandra explicou porque tomou a decisão apenas neste ano para concorrer.
— Eu sempre quis concorrer, mas eu tinha outras prioridades. Primeiro, queria me dedicar aos estudos. Eu entreguei o meu TCC do curso de Design junto com o concurso. A minha colação de grau era pra ter sido na última sexta-feira (dia 25), e eu precisei adiantar por conta de um compromisso com o júri — explica.
E não foi só o TCC que ela estava tocando enquanto participava dos eventos de preparação ao concurso, Lizandra ainda abriu uma empresa neste ano, com a sócia Isabela, que agora também será a sua assessora.
— Sempre foi esse turbilhão de coisas com a Lizandra. Mas sempre fomos muito unidos — conta o pai.
— Ou quando ela começou a dançar, que era para ser só uma aulinha por semana. Quando a gente viu já era de segunda a sexta — brinca a mãe.
— Tudo tem o seu momento, mas quando bate aquela voz dentro do nosso coração, a gente não pode ignorá-la. Então, eu segui os meus instintos, porque eu queria alçar voos mais altos.
Como lição dessa primeira etapa e que aponta o caminho para a jornada que Lizandra terá carregando o nome da festa e de Caxias do Sul por onde for, ela recordou de uma pergunta feita pelos jurados: "Por que você é a melhor candidata?".
— Eu não sou a melhor candidata, mas eu dei o meu melhor. Essa foi a minha resposta. Então é isso, acho que é ser serena, ser eu mesma, acreditar e confiar. Entreguei nas mãos de Deus e ele me presenteou.