Há 51 anos Gramado tem se consolidado como uma das principais janelas de exibição do cinema brasileiro. Resiste, de forma ininterrupta. Atravessou crises econômicas e políticas, a ditadura, o quase aniquilamento da indústria cinematográfica, impulsionou a retomada da produção e atravessou uma pandemia. Em parte, é isso que explica a importância e relevância do Festival de Cinema de Gramado no cenário brasileiro.
No entanto, Gramado tem sido também perspicaz em uma outra área que tangencia a arte cinematográfica. O tapete vermelho é um elemento simbólico que aproxima os famosos do público. Gente que se pendura na grade para ficar mais perto de seus ídolos. É criada uma atmosfera que amplifica o quilate das estrelas que por ali passam, e proporcionam momento únicos e emocionantes para os fãs.
— É aí que eu apareço, para atender o desejo dos artistas — diz o empresário do ramo de eventos, Alberi Flores Junior, 45 anos, mais conhecido como Beri de Gramado.
Nascido em Santo Ângelo, há 12 anos veio para Gramado para promover um evento e nunca mais foi embora:
— Muitos artistas me procuram porque querem um pouco de paz, de sossego, querem ter uma vida como a minha e a tua. E tem outros que querem festa, aí eu os levo nas boas festas.
Por trabalhar com eventos em uma região turística como a das Hortênsias e, principalmente, por conta da relação de confiança que estabeleceu ao longo do tempo com os artistas, Beri entendeu que poderia vir daí um outro ramo de mercado. Contudo, foi na pandemia, quando cessaram todos os eventos, que Beri, curiosamente, teve sua melhor oportunidade.
— Parei com tudo e estava cheio de contas para pagar, então eu pensei assim: conheço muitos artistas, mas ninguém consegue sair do Brasil por causa da covid-19, então eu vou fazer contato com eles e ver se querem vir para cá”— recorda.
A ideia, explica Beri, era proporcionar um local seguro, tranquilo, em uma mansão confortável em Gramado, para que os artistas pudessem curtir com a família e amigos:
— Os primeiros clientes foram a Virgínia Fonseca (influenciadora digital) e o Zé Felipe (cantor). E foi aí que a Virgínia me deu a ideia de fazer disso um negócio. Na época, a filha deles, a Maria Alice, estava com 30 dias. E com eles vieram mais três casais. Ficaram aqui uns cinco dias e a partir daí não parei de receber pedidos de gente que quer vir para cá.
Há quem venha a Gramado para sossego, mas há quem venha para festa. E Beri ataca nas duas frentes. Tanto que ontem pela manhã, recebeu a reportagem do Pioneiro no local da festa Beri Party, que ocorreria à noite, no Selfie Gramado.
— Era para ter sido só uma recepção para umas cem pessoas, maior parte gente do festival mesmo e autoridades. Mas aí, a festa cresceu e distribuímos cerca de 400 convites VIP. Tudo open bar. Teve gente que me ligou (na quinta-feira, dia 17) cedinho para dizer que estava pegando um jatinho de Goiás só para vir para a festa — conta.
Beri diz que está tentando conciliar a vida de empresário e de receber artistas.
— Não sei nem mexer direito no Instagram — brinca.
É nos bastidores que Beri sempre ganhou a vida. E vai continuar. Mas, de uns tempos para cá, ele mesmo tem se visto mais nos holofotes, viralizando em conteúdos dos artistas que celebraram a sua presença.