Para compor a coletânea de mais de 20 obras que compõem "Arte Fantasiosa: uma sátira", o artista visual mineiro Gui Lima uniu a linguagem da fotografia a dos memes de internet, a fim de criar fazer uma crítica bem humorada ao mercado da arte, do ponto de vista do artista que busca se inserir nesse meio. A mostra inaugura nesta terça, às 19h,na Galeria Municipal de Artes Gerd Bornheim (Casa da Cultura) e pode ser conferida até o próximo dia 30.
O meme foi a linguagem encontrada pelo artista para levar ao público a mensagem muito particular do universo artístico, do artista em início de carreira que esbarra em todo tipo de dificuldade para ter espaço e garantir o sustento através da sua arte, tendo no próprio mercado da arte uma barreira para o seu reconhecimento. A sátira, pontua, é "um meio de mostrar que só nesse mundo fantasioso é possível o artista sobreviver diante das condições de trabalho atuais".
- É uma exposição na qual quero colocar em discussão ideias que dizem respeito à autofagia no mercado de arte, que é a exploração do artista pelo artista. Ao meu ver, somente num mundo fantasioso é possível produzir diante das condições que são oferecidas. Para dar esse tom de sátira recorro aos memes, que caíram no gosto do brasileiro, e acredito que o público vai entender a crítica a essa situação absurda que é a precarização da arte - acrescenta o mineiro, que também quer aproveitar a viagem a Caxias para buscar galerias comerciais interessadas em ter o seu trabalho no catálogo.
"Arte Fantasiosa" foi selecionada pelo edital de ocupação da Galeria Gerd Bornheim para 2022/2023 (junto com a caxiense Gabriela Stragliotto, que em maio expôs a mostra "Solo Provisório"). A proposta original tinha o nome "Não se vive de graça" e a obra apresentada é uma instalação composta por 12 quadros, que pode ser conferida na exposição. intitulada "Gerd Foi", nela Gui Lima faz referência ao próprio intelectual que dá nome à galeria, elencando e refletindo sobre as diversas áreas em que o filósofo teve de atuar para alcançar o devido reconhecimento. "Gerd Bornheim não vivia de vento", diz um dos quadros da instalação, que dá o tom do humor ácido e crítico do mineiro de Pouso Alegre:
- Essa obra resume a questão da exploração do artista, dando como exemplo o senhor Gerd (1929-2002), que era do meio artístico e, como qualquer ser humano, dependia de recursos que atendessem às suas necessidades básicas. Nesse sentido, os artistas dependem dos mesmos recursos, porém são tratados como se tivessem fórmulas mágicas para contornar esses problemas.
PROGRAME-SE
O quê: abertura da exposição "Arte Fantasiosa: uma sátira", de Gui Lima
Quando: abertura nesta terça-feira, às 19h. Visitação até 30 de junho. Horários:
Onde: Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim, na Casa da Cultura, em Caxias do Sul
Quanto: visitação gratuita