Uma carona inesquecível. É assim que a relações públicas caxiense Eloisa Francisco Venzon descreve a experiência que teve numa noite de 1987, quando voltou do trabalho para casa no ônibus que transportava a banda da cantora Rita Lee, cuja morte entristeceu o Brasil na manhã de segunda-feira (o anúncio foi feito na manhã desta terça, pela família).
Eloisa trabalhou como assistente de produção no show que Rita Lee fez no ginásio da sede campestre do Recreio da Juventude, à convite da colega de faculdade Mônica Siebeneicher, que era estagiária no clube. A relações públicas conta que a cantora foi muito simpática o tempo todo, convidando a equipe para comer à vontade os quitutes servidos no camarim. Mas a melhor parte, ou a mais inusitada, veio depois:
- Ela era uma querida, bem como a gente via na TV. Quando o show acabou todo mundo foi embora e a Mônica e eu sobramos, e o clube era distante do centro. Estávamos ficando em pânico, mas naquela época os artistas todos se hospedavam no hotel Alfred Palace, na Rua Sinimbu, e nós morávamos perto. Alguém da equipe da Rita Lee se solidarizou e ofereceu carona, e nós voltamos junto com a banda toda, no ônibus. Foi uma noite incrível, por ter conseguido assistir aquele show maravilhoso de cima do palco, e por ter conhecido a Rita Lee e o (guitarrista e esposo da cantora) Roberto de Carvalho - recorda Eloisa, hoje com 56 anos.
Quem também guarda boas lembranças daquela noite no clube social é o produtor cultural DJ Rocha Neto, que já naquela época, além de realizar suas próprias festas, ajudava os amigos que traziam shows a Caxias do Sul. Foi o caso daquele show de Rita Lee, em que ele ajudou a preparar a estrutura que receberia a banda tanto no palco quanto nos bastidores. No camarim, o caxiense ganhou autógrafos na capa do disco Rita Lee & Roberto (1985).
- Era o trabalho que todo mundo queria fazer naquela época, de cuidar dos artistas que passavam por Caxias. Aquele show demandou um esquema todo especial, porque a estrutura da banda era muito maior do que a que o clube dispunha. Uma particularidade foi que os artistas costumavam ficar antes do show no salão do lago, e só momentos antes do show eram transportados, muitas vezes por mim, até o palco. A Rita pediu um camarim atrás do palco mesmo, que foi feito de forma meio improvisada pela nossa equipe, e com um banheiro químico para uso exclusivo dela. Foi provavelmente a primeira vez que se usou um banheiro químico num show em Caxias. Nos momentos em que falei com ela e com o Roberto eles foram muito atenciosos e muito legais, e estavam muito felizes - comenta.