2023 será o ano do Centenário de Honeyde Bertussi em Caxias do Sul. Assim foi decretado na noite desta quarta-feira pelo prefeito Adiló Didomenico, em cerimônia realizada no Centro de Cultura Ordovás. A solenidade, que contou com a presença de amigos e familiares de Honeyde, marca o início das homenagens pelos 100 anos do acordeonista nascido no Rincão da Mulada, distrito de Criúva (anexado a Caxias em 1954, antes pertencente a São Francisco de Paula).
Tido como um dos artistas mais importantes para o surgimento da música regional gaúcha, Honeyde viveu seus anos de auge ao lado do irmão, Adelar (1933-2017), com quem formou a icônica dupla Os Irmãos Bertussi, que faria história do final da década de 1940 até a separação, em 1965. Para fazer jus à importância da trajetória dos acordeonistas, foi criada uma comissão encabeçada pela Secretaria Municipal de Cultura, que irá fazer uma espécie de curadoria a fim de garantir que diversos eventos em homenagem a Honeyde possam ocorrer ao longo do ano.
Após a assinatura do decreto, em seu discurso, o prefeito Adiló Didomenico recordou um episódio da infância, quando ainda vivia em Riqueza, no oeste catarinense, e os Irmãos Bertussi foram tocar por lá. Devido às dificuldades de transporte da época, a cheia do rio não permitiu que fosse feito o transporte de balsa que permitiria seguir viagem, e assim Adelar e Honeyde ficaram e tocaram um baile para os demais viajantes frustrados.
- Nunca tinha visto as pessoas torcerem tanto pro rio não baixar, como se tivessem esquecido qualquer compromisso que tivessem. Mesmo sendo menino, ali tive a noção do tamanho da idolatria que se tinha pelos famosos Irmãos Bertussi, sem jamais imaginar que um dia estaria aqui prestando essa homenagem a estes dois músicos que dão nome e sobrenome à música serrana tocada na gaita - disse o prefeito, em sua fala.
Por parte da família, estiveram presentes três dos oito filhos de Honeyde, Paulo, Daltro e Neura, além de sobrinhos, como o acordeonista Gilney Bertussi, um dos filhos de Adelar e responsável por levar adiante a herança musical da família.
- Honeyde foi um personagem de fundamental importância para todo o contexto da música gaúcha. Comemorar o seu centenário nos permite fazer um resgate desse legado que vem desde o meu avô (Fioravante Bertussi, clarinetista e maestro), passa pelo meu tio e pelo meu pai e primos que deram uma parcela grande de contribuição. Eu sou da terceira geração que está trilhando esse caminho. Meu pai sempre falava que Honeyde foi o grande desbravador que fez com que acontecesse a história da música Bertussi - destacou Gilney, à reportagem.
Além dos descendentes que carregam o legado da chamada "música Bertussi", o evento contou ainda com apresentações de acordeonistas de diferentes gerações, mas que têm em Honeyde a mesma referência musical, como Robison Boeira, Diogo Kliper e Clóvis Tadeu. Os violonistas Valdir Verona e Ailton Castilhos Lemos também prestaram tributo musical, entre outros convidados.