Há duas formas de escrever reportagens sobre pessoas que vivenciam a dor do luto ou a quase incapacidade diante de uma pandemia como a de coronavírus, que daqui 100 anos ainda será impactante. A jornalista Aline Ecker, do jornal Pioneiro, GZH e Rádio Gaúcha Serra, preferiu o caminho do relato da realidade, sim, mas pontuada por histórias de superação. E foi assim que nasceu o livro-reportagem Pandemia: histórias que contei, cujo lançamento ocorre neste sábado (8), às 18h, na 38ª Feira do Livro de Caxias do Sul.
Aline faz jus a uma corrente jornalística que se preocupa com as pessoas que estão por detrás de uma estatística.
— Cada vida perdida merece ser lembrada com respeito, cada número tem por trás um rosto, uma família, era o amor de alguém, e mesmo que o livro seja voltado a histórias de superação, as vítimas estão presentes em cada página, que também é uma homenagem a elas e seus familiares.
As reportagens contidas no livro são ilustradas por fotografias da equipe de fotojornalismo do Pioneiro e por fotojornalistas que atuaram no jornal durante a pandemia. Confira a seguir, um bate-papo com Aline Ecker sobre sua obra:
Marcelo Mugnol: O que te fez pensar em escrever um livro sobre a pandemia?
Aline Ecker: Relutei muito em escrever sobre a pandemia, por ser um momento que trouxe não apenas dor e desemparo a muitas famílias, mas também incerteza e apreensão em grande parte da população. Virou o mundo que conhecíamos de ponta cabeça, e teve reflexos em todos os setores da sociedade, acentuou diferenças sociais, afastou famílias, e nos colocou por quase dois anos a prova. Faço parte de um grupo que podia trabalhar em casa, e sou grata por ter podido seguir no Jornalismo durante dias tão sombrios e descobrir nessa escuridão, uma luz capaz de nos fazer seguir sempre em frente. Essa luz são as pessoas que mesmo em meio ao caos conseguiram fazer o bem pelo outro, estender a mão e fazer a diferença. Foram essas histórias que me inspiraram. Cada vida perdida merece ser lembrada com respeito, cada número tem por trás um rosto, uma família, era o amor de alguém, e mesmo que o livro seja voltado a histórias de superação, eles estão presentes em cada página, que também é uma homenagem a eles e seus familiares.
Por conta desse contato mais próximo ainda com pessoas que passaram por tanta dor, de que forma isso te fez enxergar o jornalismo de uma forma diferente?
Ah o jornalismo, Marcelo, essa paixão que nos domina. É um vício, um dom, mas também de certa forma um fardo, porque temos uma responsabilidade social determinante. Somos essa ponte entre a informação e a comunidade, formadores de opinião e também eternizamos com palavras a alma do tempo. Na pandemia, mesmo com as restrições, me aproximei ainda mais das pessoas, a sensibilidade ficou à flor da pele para contar histórias que nem sempre eram contadas com palavras, mas pelo olhar.
Qual a lição fica pra ti, superado o pior momento da pandemia e depois de conviver com tantas histórias de superação?
O mais importante é estar com quem amamos, ter saúde e poder mostrar esse amor com abraços. Viver num mundo em que não se pode abraçar mostrou como ser acolhido muda o teu dia e aos pouquinhos também pode mudar o mundo.
Agende-se
:: O quê: Sessão de autógrafos da obra “Pandemia: histórias que contei”, de Aline Ecker
:: Quando: sábado (8), às 18h.
:: Onde: Espaço 2 da 38ª Feira do Livro de Caxias do Sul, na Praça Dante Alighieri.
:: Quanto: R$ 45, à venda na Do Arco da Velha. Depois da Feira, o livro pode ser encontrado na Do Arco da Velha Livraria e Café ou com a autora pelo fone 54 99137-2992.