Há cerca de 15 anos o consultor organizacional, palestrante e escritor Eduardo Shinyashiki mantém estreita relação com a Serra gaúcha, em especial com Caxias do Sul. As visitas à região, atendendo a convites de diversas entidades do setor empresarial, fizeram surgir boas amizades e também resultaram no envolvimento com entidades como a ONG Anjos Voluntários, razão da última vinda à cidade, em 2019, para um bate-papo sobre perseverança e amor próprio.
O autor de best-sellers como "O Poder do Carisma", "Viva Como Você Quer Viver" e "A Vida é um Milagre", entre outros, volta a Caxias do Sul para ministrar a palestra “A Difícil Arte da Simplicidade”, dentro do projeto Liderança com Valores, da ADCE (Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas). Será nesta quarta-feira, no UCS Teatro, a partir das 19h30min. O Sete Dias conversou com o palestrante sobre alguns pontos que serão abordados. Confira:
Pioneiro: Por que é tão difícil alcançar a simplicidade?
Eduardo Shinyashiki: Tudo na vida é simples, mas simples não significa fácil. O que é realmente fácil é complicar a vida, empreendendo muito esforço para alcançar pouco resultado. Alcançar o simples é algo que exige o nosso melhor.
O primeiro passo para simplificar é romper com o grande inimigo que a gente tem na vida, que é o hábito de responsabilizar os outros por aquilo que a gente não está fazendo. A pessoa não se dá conta de que a vida entrou em estagnação pelo fato de que ela mesma não assumiu o compromisso de se tornar melhor do que ela era. E de que, ao repetir sempre as mesmas desculpas e justificativas, é como se ela tivesse falando: eu quero um resultado extraordinário, mas com um compromisso ordinário. Quero ganhar um salário incrível, mas não quero ser cobrado e não quero assumir responsabilidade pelo resultado.
É como a pessoa que quer viver um grande amor, ou que quer ser um grande pai, mas que está sempre cansada, não demonstra entusiasmo, porque se comprometeu com uma postura medrosa e temerosa, e nisso foi parando de sentir, de se divertir, e foi abrindo mão de resultados.
Por que a gente precisa falar sobre protagonismo nesse momento pós-pandemia?
Se a gente for olhar o que aconteceu nesse cenário de pandemia, foi algo que em todo o mundo já se falava, que é a importância da inteligência emocional. Foi um momento em que as emoções passaram a determinar as escolhas mais importantes da vida das pessoas. Nisso estão o medo e a insegurança. Quando a pessoa não evolui e não se empodera emocionalmente, ela passa a assumir um espaço de coadjuvante dos seus medos, e não de protagonismo.
A pandemia acelerou o mundo em uma dimensão que não tem mais volta. As pessoas trabalharam infinitamente mais durante a pandemia, sempre com o pensamento de que voltaria ao normal, mas o normal passou a ser o ritmo que entramos na pandemia. É um mundo mais digital e mais conectado do que antes, mais acelerado e também mais exigente quanto à força emocional para lidar com decisões impactantes que têm de ser tomadas cada vez mais rápido.
Sobre o projeto em que a palestra se insere, o que é liderar com valores?
Quando a ADCE traz esse ponto, é porque a gente vai começar a perder cada vez mais essa referência de quais são os valores pelos quais eu estou vivendo e liderando o meu projeto, minha vida e as pessoas. No meio da pandemia muita gente pensou: “eu estou trabalhando em casa, como eu sempre quis, mais próximo aos meus filhos, mas não tenho tempo para dar atenção a eles”. Quem decidiu ir morar na praia a fim de desacelerar, também está trabalhando muito mais.
Hoje, quem não lida com as suas dificuldades, escolhe lidar com os problemas. O líder que trabalha com pessoas, mas não está encantado consigo mesmo e nem com a sua vida, também não vai encantar o seu cliente. E depois vai reclamar que o cliente não está comprando dele.
O cenário atual pede cada vez mais para que as pessoas olhem verdadeiramente para si mesmas e rompam com os culpados da sua vida, com as desculpas e justificativas, e assumam o protagonismo.
Qual a importância da boa comunicação para um bom líder?
Na palestra eu falo sobre quatro competências básicas de todo o líder: uma delas é pessoal, que tem a ver com dominar as próprias emoções e ter um nível de autoconfiança inabalável. Essa leva ao segundo nível, que é a competência social: comunicação, empatia, formação de equipe. Quando a pessoa está insegura, ela gera uma comunicação cheia de furos, conflitos e mal entendidos. Isso porque, ao não ter domínio das suas emoções, normalmente ela vai ter relacionamentos muito temperamentais, ao invés de relacionamentos que empoderam, que fortalecem e que são produtivos.
A terceira competência é a cognitiva. Na pandemia, por exemplo, uma grande pergunta era: o que eu preciso aprender para dominar esse novo cenário que se apresentou pra mim? É sobre a capacidade de gerar novas estratégias. A quarta competência que trago é a produtiva. Não adianta nada eu sonhar se eu não tiver a capacidade de transformar em realidade. Preciso ter iniciativa, criatividade e inovação.
Quando tu perguntas sobre a importância da comunicação, tem tudo a ver com isso. Porque a pessoa que tem dificuldade de se comunicar consigo mesma, provavelmente vai ter a mesma dificuldade de se comunicar com o mundo. E aí a gente volta ao ponto central: essa pessoa está simplificando ou complicando?
PROGRAME-SE
O quê: palestra “A Difícil Arte da Simplicidade”, com Eduardo Shinyashiki.
Quando: amanhã, às 19h30min.
Onde: UCS Teatro, em Caxias do Sul.
Quanto: R$ 40, pela plataforma Sympla.