
Quatro testemunhas já prestaram depoimento no júri do pai acusado de matar os quatro filhos em Alvorada, na Região Metropolitana. O julgamento de David da Silva Lemos teve início na manhã desta terça-feira (13) e a previsão é de que dure três dias.
O primeiro a prestar depoimento foi o delegado que comandou as apurações no dia do fato, Augusto Zenon de Moura Rocha. Ele afirmou que as crianças foram mortas uma a uma, enquanto iam sendo colocadas para dormir. A motivação seria as brigas e as supostas traições por parte da mãe das crianças. Eles estavam separados.
Em seguida, foram ouvidos um policial militar que atuou na investigação do caso, e mais dois policiais militares.
Um dos policiais participou da prisão do réu. Ele disse, no depoimento, que David mencionou que teria cometido o crime porque a ex-companheira, que havia se separado dele e ficado com outra pessoa, "não merecia ter filho com o sangue dele".
Durante o julgamento, serão ouvidas 11 testemunhas: três de acusação, quatro de defesa, além de outras quatro testemunhas indicadas pelas duas partes.
Na tarde desta terça-feira deve acontecer um dos depoimentos mais aguardados: o da mãe das crianças. Os avós também vão falar.
O Tribunal do Júri será presidido pelo juiz Marcos Henrique Reichelt, da 1ª Vara Criminal Especializada em Júri da Comarca de Alvorada.
David da Silva Lemos está preso desde a época do crime e responde por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, ao utilizar a morte dos filhos como ''instrumento de sofrimento à ex-companheira'', e por meio cruel, ''desferindo nas vítimas múltiplos golpes com arma branca, causando-lhes extenso sofrimento'', além de asfixia, no caso da menina de três anos. A acusação é feita pelo Ministério Público.

Relembre o caso
As vítimas são os irmãos Yasmin, 11 anos, Donavan, oito, Giovanna, seis, e Kimberlly, três. Três das vítimas foram encontradas com marcas de facadas e uma com sinais de asfixia.
A mãe das crianças tinha medida protetiva contra o acusado na época do crime, segundo o delegado Edimar Machado.
As crianças foram encontradas mortas na casa onde estavam com o pai em Alvorada por volta das 19h30min de 13 de dezembro de 2022, quando familiares acionaram a polícia. David da Silva Lemos já havia deixado o local, mas foi encontrado no dia seguinte, em um hotel na Capital.
Segundo a polícia, ao ser preso, o homem confessou ter cometido o crime e que deu calmante às crianças antes da morte. No entanto, na delegacia, durante o depoimento e acompanhado de um defensor público, permaneceu em silêncio.
A mãe das crianças e Lemos tiveram relacionamento por 11 anos. Eles tinham se separado havia cerca de três meses na época do crime. O rompimento foi motivado por uma agressão. Ela registrou um boletim de ocorrência e conseguiu medida protetiva contra o homem.
Contraponto
Os advogados Thais Constantin, Deise Dutra e Marçal Carvalho, que representam Lemos, informaram que irão se manifestar somente no plenário do Tribunal do Júri.