Era maio de 1985. O cenário: Festival Viva, em São Luís do Maranhão. Para o jovem Zeca Baleiro, no auge dos seus 19 anos, a oportunidade de se apresentar pela primeira vez em um evento profissional. No repertório, um samba com uma letra quilométrica, cujo arranjo contava com o som de uma tuba. Eis que, bem na hora da esperada apresentação, falta luz. Para completar a situação tragicômica, alguém vê o instrumento reluzindo na escuridão e grita "olha a banda da Polícia Militar, gente!". Todo mundo cai no riso. Esta e outras histórias, carregadas das mais diversas emoções, compõem a obra Memórias do Estaleiro (e outras memórias mais), quinto livro do cantor e compositor maranhense, que estará nesta terça (6) e na quarta-feira (7) no 1° Festival Internacional Literário de Gramado (FiliGram). Além do lançamento do livro e da sessão de autógrafos, o artista participa de um bate-papo com o escritor português Afonso Cruz.
Em 296 páginas, Zeca Baleiro divide com os leitores dezenas de lembranças em formato de fotografia, que contemplam desde o início da carreira até o ano de 2004. Uma produção de quatro anos e meio que fez o cantor revistar a própria vida, para compartilhar fotos inéditas e histórias curiosas com os fãs.
— Tem dor, saudade e perdas envolvidas, mas tem alegria e prazer de ter realizado um trabalho do qual me orgulho também. Foi um grande mix de emoções, não passei intacto por essa experiência (...) Tem pessoas que foram importantes no início, que me incentivaram a seguir, como Jorge Ferreira, produtor de shows, e uma tia, a tia Nair, poeta e amante da música. E fatos já mais, digamos, "profissionais", como o convite da Gal Costa para cantar com ela no Acústico MTV — detalha Zeca.
Reconhecido como um artista plural, Zeca Baleiro transita, não só pela música e pela literatura, como também pelo cinema e pelo teatro. No currículo, por exemplo, o musical Quem tem medo de Curupira?. Ao longo da carreira acumula o carinho dos fãs. Prova disso são os depoimentos em redes sociais, os quais exaltam a genialidade, a voz e a interpretação dele:
— Ainda me surpreendo com os relatos, mesmo depois de tanto tempo na estrada. Acho curioso por exemplo as pessoas dizerem que minhas músicas e minha voz levam paz a elas. "Paz" é algo que eu desconheço (risos). Mas, no fundo, fico feliz que seja assim, de saber dessa serventia da arte, acho importante — ressalta.
Além do livro que está sendo lançado na Serra, o artista recém apresentou ao público um novo álbum em parceria com o músico Vinícius Cantuária. Com repertório autoral, Naus está disponível no Spotify. Mas a produção está intensa e ele garante que há mais por vir.
— Tenho no prelo um CD com Chico César e outro com Wado, além de um disco de sambas autorais, que comecei a gravar há nove anos e devo lançar em breve. A quarentena fez com que eu compusesse bastante e me reaproximasse de alguns parceiros queridos — comenta.
PROGRAME-SE
:: O quê: lançamento e sessão de autógrafos do livro Memórias do Estaleiro (e outras memórias mais), de Zeca Baleiro.
:: Quando: terça-feira, às 18h30min, no 1°Festival Internacional Literário de Gramado (Filigram).
:: Quanto: entrada gratuita.
:: Outras atividades: quarta-feira, também às 18h30min, o cantor e compositor maranhense participa da Mesa da Cultura Luso-brasileira com o escritor português Afonso Cruz. Acesse o site www.filigram.com.br para conferir a programação completa do festival.