A artista visual caxiense Rochelle Costi, 61 anos, abre nesta quarta-feira (10), à 19h, no Campus 8, em Caxias do Sul, sua primeira mostra individual na cidade. A exposição Em Casa, com curadoria de Silvana Boone, reúne recortes da obra de Rochelle, que já expôs em dezenas de países. Por isso, voltar para casa, neste caso, é mais do que uma metáfora, é religar-se à terra onde tudo começou.
Essa temática da casa, portanto, apresenta-se tanto em sentido figurado quanto literal, provocando o olhar do espectador para extratos inusitados e espontâneos que ela vai colhendo aqui e ali a partir do seu olhar minucioso para o cotidiano, usando um celular para fotografar e registrar vídeos:
— Passei a usar o vídeo quase como uma extensão do meu olhar. O que acho interessante no vídeo é que ele acompanha a trajetória do olhar em busca do acontecimento. Então, passei a usá-lo no meu dia a dia e passei a incorporar o vídeo nos meus projetos. Às vezes usando só o vídeo, às vezes usando outras mídias, como a fotografia, a instalação e o vídeo dentro da instalação. Isso aconteceu a primeira vez na Bienal da Guatemala, em 2016 — revela Rochelle.
Outro detalhe interessante é que a artista, nascida em Caxias, desde criança construiu sua vida em Porto Alegre e depois em São Paulo, mas sempre manteve o vínculo afetivo com suas origens e a casa habitada na infância. Sendo assim, o título da exposição se desvela em múltiplos significados e, entre eles, o fato de Rochelle ter iniciado sua vida escolar no Campus 8, entre 1967 e 1968, ainda quando o prédio abrigava as instalações do antigo Colégio das Irmãs Cabrini.
— A ideia era trazer a Rochelle de volta pra casa, justamente por ser no Campus 8. Nessas séries, todas elas têm alguma relação com a ideia de "casa" — explica Silvana.
Os vídeos que compõem a exposição serão exibidos em três espaços distintos no Campus 8: Galeria de Arte, quarto número 21(no 2º andar) e Capela. Entre eles, Negócios à parte (trabalho realizado em parceria com o morador de rua, pintor e catador de materiais recicláveis Renato Firmino, exposto em mostra do MASP, em 2017); Dezesseis (animação feita a partir de fotos, narrando o crescimento da filha, que chega aos 16 anos), Mini cine (vídeo a partir de cenas bucólicas e recheadas de afeto, em um momento de transformações internas na vida da artista); e Passatempo (exposição feita no Museu do Trabalho, em Porto Alegre, em 2018, com a estética dos videoclipes dos anos 80, entre os artistas retratados estão Nei Lisboa e Os Replicantes).
Uma das obras, em fotografia, mais conhecidas da carreira de Rochelle é Quartos — São Paulo. Nesta mostra, no Campus 8, as imagens serão exibidas por meio de slides.
— São 16 fotos de quartos de moradores da cidade de São Paulo, fotografados meio que de surpresa, feitas para a Bienal de São Paulo, em 2018 — complementa Rochelle.
Como a artista teve acesso a muitas casas e lares, ela acaba deixando vestígios, ora de afeto, ora de solitude, misturados a outros sentidos e sentimentos nas demais obras de sua carreira. Porque uma "casa" não exclui a verdade da outra, nem tampouco anula o sentido de permanência da outra. Para Rochelle, não há segredo:
— É só observar que as coisas acontecem muito espontaneamente. Estar atenta para o que poderia não existir ou poderia não estar acontecendo, atenta para o improvável.
Programe-se
- O quê: Abertura da exposição "Em Casa", de Rochelle Costi.
- Quando: Quarta-feira (10 de agosto), a partir das 19h. A mostra fica em cartaz até o dia 2 de setembro.
- Onde: Galeria de Arte, quarto número 21(no 2º andar) e Capela, ambos os espaços no Campus 8 UCS.
- Quanto: Entrada franca.