O avanço da vacinação contra a Covid-19 e a intenção anunciada pelo governo do Estado de liberar eventos de maior porte a partir de setembro trouxeram esperança para realizadores e também para o público, ávido por voltar a frequentar shows e festivais artísticos. O Natal Luz de Gramado, por exemplo, anunciou na semana passada os cinco espetáculos que estarão na programação deste ano, alguns com diversas apresentações. Em Caxias do Sul, no entanto, de dois eventos que reúnem milhares de pessoas e que tiveram suas edições canceladas em 2020, o Aldeia Sesc e o Mississippi Delta Blues Festival, apenas um deve voltar este ano.
Trata-se do festival multicultural do Sesc. De acordo com a gerente da unidade de Caxias do Sul, Luciana Stello, os preparativos estão avançados para realizar a oitava edição, de 10 14 de novembro. No entanto, a gestora pondera que, num cenário ainda de incerteza, principalmente por conta das novas variantes do coronavírus, “não é o momento de apostar todas as fichas numa retomada, nem de fazer grandes investimentos”. Dessa forma, o público pode esperar um evento em formato híbrido, dentro da nova realidade imposta pela pandemia. Se edições anteriores foram marcadas por shows nacionais gratuitos no Largo da Estação Férrea, com nomes como Tom Zé, Moraes Moreira e Cidade Negra, desta vez o foco será em atrações locais ou de alcance regional, num local que permita o controle de acesso para ter maior segurança.
– Estamos reestruturando a proposta e definindo o melhor local, ao mesmo tempo que já começamos a pensar na temática e nas atrações desta edição. Todo o planejamento está sendo feito com muita responsabilidade e cuidado, prevendo que todas as atividades possam ocorrer em formato virtual em caso de necessidade. Ao mesmo tempo, queremos muito que a comunidade possa desfrutar do máximo de atrações presenciais. É uma necessidade retomar os eventos e retomar o Aldeia – destaca Luciana.
Saindo da música brasileira e entrando no terreno do blues, o Mississippi Delta Blues Festival não deve ser realizado este ano, de acordo com o empresário e idealizador do evento, Toyo Bagoso. Toyo também atribui ao momento ainda de incertezas a cautela para pensar no festival que costuma reunir 4 mil pessoas em sua noite de encerramento.
– No ano passado lutamos muito para tentar fazer e tomamos um banho de água fria com os decretos pós-eleições. Não temos a garantia de que esse ano não ocorreria algo semelhante, principalmente por estarmos num parque público, que são os Pavilhões da Festa da Uva, sujeitos a restrições de circulação específicas para este tipo de espaço – avalia.
Enquanto estrutura a proposta de abertura no Mississippi (o bar) também nos Pavilhões, visando o verão, Toyo mira a realização de três edições do MDBF em 2022: em maio, no Rio de Janeiro; em agosto, em Gramado (no primeiro final de semana do Festival de Cinema); e em novembro, em Caxias do Sul. Também pode ganhar espaço, talvez no próximo verão, o MDBFair, “irmão menor” do MDBF, com palcos menores espalhados por entre estandes comerciais, como uma feira a céu aberto possível de ser realizada em qualquer cidade interessada. Mais fácil de organizar, seria uma alternativa para o reencontro dos fãs de blues com alguns dos artistas que batem ponto no festival.