Altair Gelatti, pioneiro dos quadrinhos na Serra, morreu na noite de domingo (25) em decorrência de um câncer, aos 89 anos. Ele foi o criador do Homem Força, o primeiro super herói nascido em solo caxiense, há mais de 50 anos. Natural de Flores da Cunha e radicado em Caxias ainda na juventude, Gelatti era contador, mas nunca abandonou o hobby pelo desenho. A paixão pelos quadrinhos, o conduziu numa maratona por diferentes editoras do eixo Rio - São Paulo, ainda na década de 1950. Na época, o mercado era completamente dominado pelos gibis norte-americanos e, mesmo assim, o autodidata da Serra conseguiu chamar atenção por lá.
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– O legado mais importante que ele deixa são os valores morais. Meu pai sempre foi uma pessoa com uma postura de diferenciar o bom e o mau. Ele sempre valorizou o bem – diz o filho, Wilson (Gelatti também deixa a filha, Eliete, e a esposa, Zulma).
Para se destacar como desenhista em editoras importantes como Outubro, Taika e Dado, Gelatti, que era um pacifista inveterado, precisou fazer quadrinhos sobre temáticas de guerra, as mais populares na época. Em 1965, ele decidiu parar depois de ficar sabendo que sua presença atrapalhava o sucesso de outros quadrinistas. Gelatti não queria prejudicar ninguém, característica altruísta que o acompanhou por toda a vida.
Depois de cessar a contribuição à editoras do centro do país, o artista passou a produzir pequenas revistinhas para entregar nos cinemas de Caxias, de forma gratuita. Como o custo com a impressão era alto, a esposa de Gelatti, Zulma, sugeriu que ele abrisse sua própria editora. Assim nasceu a Litoarte, empresa pela qual Gelatti lançou a clássica revista Albatroz, um marco na cidade. Depois de 46 números, o artista desistiu de vez dos gibis e passou a se dedicar integralmente ao trabalho na editora e gráfica.
Em 2018, O Homem Força, personagem clássico de Gelatti, estampou a capa do Gibi X, revista criada pelo publicitário Rogério Casacurta e que segue celebrando o legado artístico do quadrinista. Casacurta conta que conheceu o ídolo em 2009, quando teve a ideia de criar um novo gibi para homenageá-lo:
— Ele (Gelatti) prontamente aprovou minha ideia e fez tudo que pode para me ajudar com minha revista, que, de certa forma, era dele também, pois o Homem Força foi o grande motivo dela existir. Ficamos amigos desde então, dois guris falando de gibis... Vou continuar lembrando o trabalho dele enquanto eu puder, mas sei que há muito tempo Gelatti já havia imortalizado seu nome na história dos quadrinhos do Brasil — afirma Casacurta, que prestou uma última homenagem ao mestre recriando sua versão do Homem Força (abaixo).
Altair Gelatti está sendo velado na Capela A do Memorial São José, em Caxias. A cerimônia de cremação está marcada para as 16h, no Memorial Crematório São José.
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