A intensidade com que o artista sente a angústia e a melancolia dos solitários, dos saudosos e tristes pode ser tal que, mesmo aos 25 anos, uma extensa produção dedicada às faces do sofrimento possa virar uma exposição impactante. Como certamente é Das Costas de um Cavalheiro, exposição que o caxiense Christian de Lima inaugura hoje na Galeria Gerd Bornheim.
São mais de 40 desenhos a carvão, além de pinturas em tinta acrílica, onde os traços do artista dão vida a rostos cujas feições transparecem dor, inquietação e todo tipo de perturbação. Uma persona artística que contrasta com a figura carismática e bem humorada que é Christian de Lima, que logo trata de explicar essa aparente discrepância:
– A tristeza, a melancolia são muito presentes nas minhas obras. Gosto de pintar o sentir. Quando pinto essas dores e saudades, não estou pensando só em mim. São as dores de todos, mas que nem muitos têm a coragem de vivenciar esses momentos. Também por isso a exposição é muito especial para mim, pois nela torno palpáveis estes sentimentos e assim convido as pessoas a se encontrar e a se reconhecer neles.
É sobre o ser humano enquanto fugitivo de suas sensações ou experiências que surge também o título da exposição.
– Das Costas de um Cavalheiro pode ser sobre quando uma pessoa dá às costas perante uma situação, mas não por descaso, e sim porque era necessário ser feito para seguir em frente – justifica o artista, que é formado em História e trabalha como educador e responsável pela biblioteca do Museu dos Capuchinhos
Discípulo de Frei Celso Bordignon, com quem aprofundou as técnicas no uso do carvão e da tinta acrílica, Christian ressalta no mestre alguém que o ensinou que na arte não se erra, nem se volta atrás. É um processo contínuo, como o que utiliza para desenhar sempre na solidão, de preferência com as vozes de Gal ou de Bethânia soando bem alto.
– É principalmente através do carvão que dou forma ao meu mundo do sentir. É um desafio, pois, ao mesmo tempo que é simples, tenho apenas ele para dar sombra, dar luz e resolver todo o desenho. Com Frei Celso aprendi a desenhar de forma mais solta, borrando sem medo. Se não gostei de um traço, risco mais forte. Nesse jogo de gostei não gostei, os sentimentos e a técnica vão correndo juntos, como se fossem uma coisa só – comenta.
Com curadoria de Mona Carvalho, a exposição pode ser conferida até 21 de novembro.
Programe-se
O quê: exposição “Das Costas de um Cavalheiro”, de Christian de Lima.
Quando: a partir de hoje, até 21 de novembro.
Onde: Galeria Gerd Bornheim, na Casa da Cultura.
Quanto: visitação gratuita (atendendo aos protocolos de segurança adotados pela galeria: uso obrigatório de máscara e álcool gel, distanciamento social e limites de visitantes).
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