A roteirista Suzy Menegat buscou na história da avó, Dona Leocádia, de 78 anos, a inspiração para o curta Quando Só Há Palavras. O trabalho, com estreia online marcada para esta quarta (22), faz uma pensata sobre os diversos desafios enfrentados pelas mulheres na sociedade, com um recorte proposto entre a década de 1970 e os dias atuais. A avó da roteirista é uma das tantas mulheres que sofreram com questões opressoras em ambientes como do casamento e do mercado de trabalho. No curta, a narrativa pincela contextos da emancipação feminina de forma sutil, com a história sendo contada por uma avó a um neto. Aliás, aqui também entra outra inspiração familiar, o filho da roteirista, que atuou no curta no papel do neto.
– Estamos preparando nossas meninas sobre quais perspectivas de vida elas têm que buscar para criar uma independência, mas pouco se fala de como nossos meninos têm que se portar. Alguns diálogos do filme foram tirados de conversas que nós (Suzy e o filho) temos um com o outro, de poder ensinar para ele como deve agir para tornar o mundo melhor. Essa questão do machismo é uma construção social e, se a gente não começar a desconstruir esses meninos ou apresentar perspectivas diferentes, a gente não vai ter mudança – defende Suzy.
O filme, com direção de Darlan Vilarino, acompanha a trajetória de Mônica, escritora que foge de um casamento arranjado pela família e luta por sua independência financeira e por sua liberdade. A protagonista é vivida por duas atrizes: Gabrielle Simão, nos flashbacks; e Maria da Graça Velho, nos dias atuais. Em sua jornada, Mônica vai descobrir o amor, o preconceito, o abandono, a maternidade. Apesar de abordar questões relacionadas ao feminismo, o curta busca colocar o assunto em pauta de forma natural, sem a utilização de um discurso didático ou panfletário. Essa também foi uma estratégia, já que Suzy sabe que o assunto costuma afastar algumas pessoas.
– Essa história não vai trazer palavras como patriarcado, feminismo ou machismo. Dentro do roteiro, a Mônica procura uma forma poética de contar a história da vida dela para o neto, nossa ideia é que o espectador primeiro se envolva com a obra de arte, para depois poder trazer a consciência sobre o tema – pondera a roteirista.
Muito do que está colocado no roteiro de Quando Só Há Palavras também faz parte das inquietações pessoais de Suzy. Afinal, quando se trata das conquistas sociais das mulheres, muito se evoluiu; mas há ainda um caminho bem grande a ser percorrido.
– Também sou mãe solo, sou a responsável financeira pela minha casa. Me separei há alguns anos, mas, por muito tempo, eu não declarava em alguns lugares que eu era uma mulher solteira com filho. Também já ouvi relatos de mulheres que em reuniões de trabalho usam aliança mesmo sem serem casadas, para terem um pouco mais de respeito. Isso existe muito ainda – relata.
:: Sexto curta
Quando Só Há Palavras é o sexto curta lançando pela produtora caxiense Volta & Meia. O coletivo surgiu no ano passado, encabeçando a ousada proposta de transformar Caxias do Sul num polo cinematográfico. Desde então, o grupo vem lançando um curta por mês. Nos projetos estão ainda a produção de uma série e de um longa.
– Para poder mostrar nosso trabalho à iniciativa privada, até para desenvolver esse polo cinematográfico, a gente precisa ter um portfólio – diz Suzy.
Quando Só Há Palavras contou com 18 profissionais envolvidos. As gravações foram feitas em quatro dias, e todas as locações são em Caxias do Sul. Uma das diárias, aliás, foi realizada no interior da Maesa.
– Se a gente puder, através do cinema, contribuir também a favor de nosso patrimônio histórico, é muito legal – aponta Suzy.
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