Quem é o homem por detrás do mito Jorge Amado? Essa é só uma das linhas de investigação da jornalista Joselia Aguiar por conta do livro Jorge Amado - uma biografia, que será lançado neste sábado, dia 28 de setembro, logo após um mesa de ideias relacionando literatura e imprensa, que inicia às 14h30min, na Galeria Municipal de Arte, em Caxias do Sul. A atividade faz parte da 35ª Feira do Livro.
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Presente em todos os continentes, Amado ultrapassou a marca de 80 milhões de livros, cuja obra virou best-seller em opostos ideológicos da Rússia e Estados Unidos.
— Viés ideológico todos temos, e a leitura de qualquer que seja a obra será condicionada por isso. É algo individual e social. O Jorge Amado circulava nos dois mundos, porque tinha talento como narrador, e angariava leitores apesar das fronteiras. As pessoas têm questões em comum, por isso são capazes de se encantar ou emocionar, ou mesmo sofrer, com as histórias, independentemente de como pensa politicamente o autor — avalia a baiana Joselia Aguiar.
Amado nem sempre foi querido por todos. Também foi odiado e perseguido, justamente por sua visão de mundo. Em 1932, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1936 é preso, acusado de participar da Intentona Comunista, e em 1937, mais de mil livros seus são queimados em praça pública, em Salvador, em uma repressão do Governo Vargas.
Curiosamente, depois de receber Obá Arolu, um dos mais altos títulos do candomblé, em 1957, os caminhos se abrem, apesar do tenso contexto políticos dos anos 1960, no mundo inteiro. Com esse título, Jorge Amado possuía direito de voz e voto no grupo que forma o corpo executivo do terreiro, doze ministros que ajudam a mãe de santo na administração do templo.
No ano seguinte à unção que recebeu no terreiro, Jorge Amado lança Gabriela, cravo e canela, um dos seus maiores sucessos. Dali até o fim dos anos 1990, o autor lançou 18 livros, mas havia algo de estranho ar, reconhece Joselia.
— Houve um momento, aí pelos anos 1990, que Jorge Amado parecia não haver importância alguma, como se fosse um autor que seria esquecido em pouco tempo. Mas ele continua a ter muitos leitores, e leitores jovens, como tenho notado nas sessões de autógrafos, quando sou procurada por desconhecidos que foram ali por causa do Jorge, e não por minha causa — observa.
Jovens, que assim como Joselia, foram impactados por Jorge Amado ainda na adolescência.
— Fui leitora de Jorge Amado na infância e adolescência na Bahia, depois só voltei a relê-lo à ocasião de iniciar o projeto de biografá-lo, uma encomenda feita por um editor. Sem dúvida, o impacto hoje é enorme, porque com sua história publiquei meu primeiro livro, depois de ter passado quase oito anos investigando em muitos lugares e buscando uma forma de escrita que pudesse dar conta de tudo, de modo atraente ao leitor.
Há tanto que já foi desvendado, e tanto por ainda ser desvendado, que Joselia desafia-se a seguir através dessa jornada com uma continuação.
— Tive de selecionar, sim, para esta biografia. Penso em fazer um segundo livro sobre Jorge Amado e sua rede de amigos de ofício da América Latina. Mas não é algo para agora. Provavelmente vai ser um livro tão complexo de executar quanto este — revela, esquivando-se das famosas perguntas jornalísticas: o que, quando e onde.
AGENDE-SE
O quê: Mesa de debate com Paula Sperb e Joselia Aguiar, abordando Jornalismo e Literatura: percursos da escrita de Jorge Amado, uma biografia. Mediação: Marcelo Mugnol. A seguir, ocorre o lançamento de Jorge Amado, uma biografia.
Quando: sábado, dia 28 de setembro, a partir das 14h30min.
Onde: Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim (Casa da Cultura - Rua Dr. Montaury, 1.333 - Caxias).
Quanto: entrada franca.