Um olhar outro é o nome do espetáculo de dança contemporânea a ser apresentado sábado e domingo às 20h, no Teatro Municipal Pedro Parenti, da Casa da Cultura, em Caxias. Mas também sugere um outro olhar sobre a vida e obra de Ney Moraes, que comemora 30 anos de carreira como bailarino, coreógrafo e diretor.
— É uma reunião de trabalhos significativos de outros tempos e releituras de coisas mais novas, como "Individual" e "Inferência", que viajou o Brasil todo — explica Ney Moraes, 54 anos, que atualmente está vinculado ao Grupo de Dança da Universidade de Caxias do Sul.
Sigrid Nora, diretora administrativa e bailarina do Grupo Raízes e diretora da Cia Municipal de Dança, e que trabalhou com Ney por 13 anos, enfatiza características do artista: competência, dedicação, estudo e muito trabalho.
— Essa obra, embora à primeira vista seja apenas uma composição de fragmentos cênicos, são fragmentos poéticos e de um pensamento contextualizado, recheado de conceitos e simbologias que traduzem uma trajetória consolidada e de sucesso, de contribuição e respeito à arte e à história da nossa dança _ avaliza Sigrid, que assina o desenho de luz do espetáculo.
Se por um lado, Um olhar outro traz de volta à cena o Ney, que muitos conheceram a partir da consolidação do trabalho, por causa da Cia Municipal de Dança, há na vida do bailarino e diretor, uma outra mulher que acompanhou a gênese do seu processo criativo como coreógrafo. A equatoriana Verônica Gomezjurado Zevallos conheceu Ney Moraes no final dos anos 80, no Peru, que esteve por lá para dançar com o Grupo Raízes.
— Em 1989, o Ney foi então para o equador e começamos a namorar. E foi lá que o Ney começou a coreografar no Balé Equatoriano de Câmara — recorda Verônica.
Ney e Verônica, casaram-se no Equador e também no Brasil, quando vieram para Caxias, por convite da Sigrid Nora, que estava para iniciar o projeto da Cia Municipal de Dança.
— Sempre trabalhamos juntos. Me chama a atenção, no trabalho dele, toda a movimentação que ele experimenta. Ele faz uma pesquisa constante dos movimentos. O Ney testa movimento por movimento com cada bailarino, é coisa de louco! _ diverte-se.
Um dos bailarinos que "sofreu" nos ossos, músculos e articulações esse processo que Verônica chama, carinhosamente, de insano, foi Evandro Pedroni, que entrou na Escola Preparatória de Dança, vinculada à Cia, em 2000, com 12 anos.
— O Ney me ensinou a dar valor ao trabalho de bailarino e a ter comprometimento com as pessoas envolvidas. Aprendi a ter disciplina também. Muita disciplina que carrego até hoje. A sempre dar o melhor e a trabalhar duro, não importam as condições. Sem falar no que ele investiu em mim e acreditou no meu potencial durante toda a época em que trabalhamos juntos.
Evandro é bailarino profissional, mora há 10 anos fora do Brasil e atualmente reside em Viena, na Áustria, trabalhando com diversas companhias.
— Serei eternamente grato pelas oportunidades que o Ney me deu, porque elas me levaram aonde eu estou hoje — agradece Evandro.
Um olhar outro, mais do que colocar em cena a obra de Ney, ao longo destes 30 anos de carreira, revela os frutos do passado e abre alas para as novas safras que estão por vir.
AGENDE-SE
O quê: espetáculo de dança contemporânea do Grupo de Dança da UCS, Um olhar outro, direção de Ney Moraes
Quando: sábado e domingo, às 20h
Onde: Teatro Municipal Pedro Parenti (Casa da Cultura - Rua Dr. Montaury, 1.333 - Caxias)
Quanto: entrada franca (os convites devem ser retirados 2h antes do início do espetáculo, na bilheteria do teatro)
Financiamento: Lei Municipal de Incentivo à Cultura com patrocínio das Empresas Randon, Guichos Vanin e NL Informática
Intérpretes
Akácio Camargo
Assaury Hiroshi Gonçalves
Daiane Kerber
David da Cruz da Silva
Igor Cavalcante Medina
Marcos Spadetto
Monique Hoffmann
Paula Giusto
Uyara Camargo Rodrigues
Participação especial
Beatriz Saretta
Gregory da Cruz Santos