Muitas polêmicas cercam a maternidade, ainda mais nesta semana, quando o Ministério da Saúde aboliu a utilização do termo "violência obstétrica", que refere-se a atos categorizados como violentos no contexto do trabalho de parto e nascimento, de documentos de políticas públicas. Na contramão do anúncio, a vereadora caxiense Denise Pessôa protocolou quatro projetos de lei relacionados a maternidade, sendo que um deles garante o direito ao parto humanizado nos estabelecimentos de saúde da cidade. Mas o que é o parto humanizado? Na prática, o termo deve ser aplicado para partos em que as intervenções médicas são mínimas e as escolhas da gestante são acatadas ao máximo. Além disso, diferentemente de cesáreas ou partos normais, no parto humanizado a mãe fica livre para caminhar, tomar banhos para aliviar a dor, receber massagens e ter a companhia de quem se ama. Seja no hospital ou em casa, cada vez mais gestantes optam por esse procedimento, que respeita o tempo da mãe e sua forma parir. É o caso de Carla Echer, Priscila Peruchi e Milena Lucchesi Vieira.
—Logo que engravidei da minha filha mais velha, eu comecei a buscar onde eu poderia ter um parto normal. Só que quanto mais eu pesquisava, mais eu percebia que essa realidade não existia, que o parto normal não era efetivamente mais natural. Foi aí que eu acabei encontrando o parto humanizado e no momento que eu conheci minha parteira decidi que era o que eu queria— conta Milena, que teve três partos domiciliares na água.
Atuando como doula, mulher que orienta e assiste a nova mãe nos cuidados com bebê, há quase uma década e parteira há 5 anos —ela ajudou Priscila e Milena a trazerem seus bebês ao mundo—, Rachel Soares afirma que o parto em casa só é aconselhado para mulheres que tiveram uma gestação tranquila, sem intercorrências. Enfática, ela salienta que a segurança da parturiente e do recém nascido são sempre levados em consideração, sendo acompanhada frequentemente ao longo do parto domiciliar:
—Cada parto é único, assim como cada mãe é única. Minha vontade de ser parteira surgiu do meu desejo de ajudar as mulheres. Então é meu dever colocar para as mães que existe um risco, tanto em casa quanto no hospital. Como eu monitoro o parto, vejo todo o contexto e se algo não corre como o esperado, não existe problema em recorrer aos médicos.
A ginecologista e obstetra Sharon Reisdorfer, referência em Caxias do Sul quando o assunto são partos humanizados em hospitais, não recomenda os partos domiciliares visto que complicações podem ocorrer ao longo do processo. Ainda assim, reforça que o principal fundamento do parto humanizado é a atenção as vontades da gestante.
—Temos que respeitar as escolhas e cada mulher, uma pode optar pelo parto mais natural e outra vai preferir a cesárea marcada. Minha função é orientar a paciente, sempre —afirma a médica.
O certo, é que independente da preferência da mãe, o nascimento de um filho é sempre um momento único. Sobre a experiência do parto humanizado, em casa, a mãe do Santiago, Priscila relata emocionada:
— Depois que tu passa por isso, entende que é um momento transcendental. É algo muito teu, o nascimento de uma criança é um milagre. É um poder.