— Não adianta, o recheio só ela acerta.
Cristiane Carvalho está falando de uma, entre tantas, qualidades da mãe dela, Claudete, cozinheira de mão cheia. Mas assim como na casa da família caxiense, é claro que tem coisa que só a mãe da gente sabe fazer, não é? Pode ser um remédio que vem na forma de um chá bem quentinho ou um prato que vale por um abraço apertado. A gastronomia sempre foi um elo de amor, seja entre família ou amigos. Na cozinha da casa dos Carvalho, no Centro, são muitas as preparações que remetem a momentos especiais, como o Dia das Mães nesse domingo, mas tem uma que é a preferida nas reuniões em família: o ravióli de espinafre com carne moída.
E o prato é pra lá de especial. Claudete, hoje com 72 anos, conta que aprendeu a fazer a delícia com a mãe, Dileta, quando tinha 17 anos. Passada da avó para a mãe, a receita permeou a infância da Cris, filha da Claudete, que, hoje, se junta às duas irmãs e à filha Júlia, nove, para cozinhar. No Dia das Mães, dos Pais, em aniversários ou quando Fabiano, o irmão que mora na Irlanda, retorna ao Brasil, o cardápio é sempre esse, com jeito de mãe.
A hora do preparo é sempre uma festa. Espalhada na cozinha em uma espécie de produção em série, a família conta com muitos braços na hora de rechear os raviólis. Para preparar esses que aparecem nas fotos dessa reportagem, a pequena Júlia se prontificou rapidamente:
— Eu ajudo! — exclamou a menina, a caminho da pia para lavar as mãos, depois de brincar com os animais de estimação dos avós Ivo e Claudete, três gatos, um cachorro, duas calopsitas e um jabuti.
Servido com amor
Para facilitar os processos durante a preparação dos raviólis, a massa, que uma vez era feita em casa, hoje é comprada. O recheio pode ser preparado um dia antes, como explicam mãe e filha. Na verdade, segundo Cris, é justamente isso que faz com que os sabores se misturem mais, tornando o prato mais gostoso. Mas, assim como qualquer prato de família, o ravióli dos Carvalho tem regrinhas, como elas explicam: ao rechear a massa, é importante tomar cuidado para fechá-la bem para que não estoure durante o cozimento. Mas e o tamanho do ravióli? Ela diz que não precisa ser perfeito, mas nem tão grande, nem tão pequeno. Depois de pronto, para acompanhar a massa recheada, Claudete prepara, com a irmã Alice, um suco de uva com quilos da fruta da região. Aí a refeição fica completa e com gostinho de "feito em casa".
— A vantagem é que, por ser tudo natural, a gente come um monte e não fica cheio — fala, entre risos.
— É, encher mesmo só depois de uns 68 raviólis — brinca Cris.
E o ravióli de espinafre com carne moída faz sucesso mesmo: em uma só refeição, a família chegou a fazer 190 unidades. Como era esperado, segundo Cris, não sobrou nenhum pra contar história. Provamos a receita, que pode ser feita no Dia das Mães na sua casa, e comprovamos que o prato é realmente delicioso. O ravióli dos Carvalho provoca uma sensação semelhante ao coração de mãe: sempre cabe mais um.