Há cinco anos na estrada — quase que literalmente —, a banda paulistana francisco el hombre (assim, minúsculo mesmo) realizou mais de 300 shows no Brasil e no exterior; tocou em porões, praças e até em albergues, teve os instrumentos roubados na Argentina, deu a volta por cima e se recriou. Mas foi a partir de 2016 que, efetivamente, tudo mudou, com o lançamento do álbum SOLTASBRUXA, primeiro trabalho oficial após dois EPs (Nudez e La Pachanga! em 2013 e 2015, respectivamente). Dois anos depois, a banda se despede do disco e Caxias do Sul será um dos últimos lugares a ser contemplado com a tour. O show ocorre nesta sexta-feira, na UAB Cultural.
Mas o que afinal mudou de 2016 para cá? Nesse tempo, francisco, el hombre deixou de ser uma banda "pequena" para se tornar um dos shows mais elogiados do País e virar expoente de um movimento (quase individual) brasileiro que resgata a veia latina pouco explorada musicalmente no País. Não só isso: em 2017, a banda foi nominada ao Grammy Latino por melhor canção pela música Triste, Louca ou Má, que virou trilha de novela da Globo e cujo videoclipe atualmente conta com mais de 12 milhões de visualizações no YouTube.
E é nesse ritmo, crescente e incansável que a francisco desembarca em Caxias nesta sexta. O show está marcado para as 22h, mas talvez não haja ingressos até lá.
— Estamos bem animados para voltar a Caxias. Antes da primeira vez que fomos aí, outras bandas nos diziam que o público era intenso. Confirmamos isso e acabamos fazendo várias amizades. Já tocamos umas cinco vezes (em Caxias) — comenta o violonista da banda, Mateo Piracés-Ugarte.
A intensa resposta do público, segundo ele, continua um fator que impulsiona os vibrantes shows, que garante estarem mais enérgicos do que nunca.
— Esse disco foi a maior coisa que já fizemos. Por isso, vamos nos despedir com muito carinho, energia e sangue nos olhos. Aí no final, se a galera dar o máximo de si, a gente toca música do disco novo — ressalta.
Sobre o novo álbum — ainda sem data de lançamento— Piracés-Ugart adianta:
— Vamos vir com algo completamente diferente. A gente busca algo mais eletrônico, mais freak. Pegamos o que era mais explosivo nos shows e estamos elevando ao quadrado.
Além de Mateo Piracés-Ugarte (vocal e violão), integram a banda, Sebastián Piracés-Ugarte (vocal, percussão e violão), Juliana Strassacapa (vocal e percussão), Andrei Martinez Kozyreff (guitarra), Rafael Gomes (baixo, vocal de apoio). Os irmãos Mateo e Sebastián são mexicanos.
Inevitável teor político
Uma das músicas mais populares de SOLTASBRUXA se chama Bolso Nada. Como indica o título, a canção faz fortes críticas ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Muita coisa mudou desde então.
— A música já envelheceu. A gente aprendeu muito com os embates políticos. Se Bolsonaro ganhou eleições, é, em parte, culpa de nós que não soubemos nos unir. A própria música foi uma maneira de ele ganhar visibilidade. Temos essa autocrítica. Por mais que entenda a representatividade e goste muito dela, não escreveria de novo — admite o violonista da banda, Mateo Piracés-Ugarte.
Ainda assim, o músico ressalta que o próximo trabalho não irá se isentar de abordar críticas políticas, embora sob uma nova abordagem:
— Temos que construir algo, não só colocar dedo na ferida.
PROGRAME-SE
O quê: festa Carnaval é Logo Ali, com show da francisco el hombre. Abertura: Bloco da Ovelha + DJ Jorgeeenho.
Quando: sexta, às 22h.
Onde: UAB Cultural (Av. Independência, 2542).
Quanto: ingressos a R$ 40 (segundo lote), à venda na Hip, Reffugio Art Café, Alouca Café e Chalé Pub e pelo site bit.ly/2sk4lr4.