A escritora Jaque Pivotto aponta na prateleira para um DVD do projeto musical Madredeus. A peça faz parte da memorabília cultural que ela mesma levou para compor a decoração do Instituto Cultural Taru – espaço que abriu as portas em Caxias no último sábado. A música do Madredeus, exposta entre livros, discos de vinil e revistas, carrega a importância de ter mudado a vida de Jaque para melhor. Justamente o que ela e o amigo Robinson Cabral pretendem fazer no espaço do Taru: compartilhar cultura e tocar as pessoas por meio do acesso à arte.
— Lembro até hoje quando me apresentaram Talking Heads (risos) — brinca Cabral.
— Sempre sonhei com algo que transformasse esse mundo maluco em um lugar onde a gente pudesse compartilhar e mudar as pessoas através da cultura, da arte, da conexão com o outro – conceitua Jaque.
O Taru – localizado na Rua La Salle, 933 – é resultado de longas conversas que Jaque e Cabral tiveram durante viagens pelo Brasil. O acolhimento que recebiam nos lugares mais simples gerou a vontade de acolher também, e essa deve ser uma das características mais fortes do instituto. Além de ser um espaço com opções culturais de terça a sábado, a ideia é que ele também seja palco para demandas que surgem externamente.
— É uma porta aberta. O que a gente mais quer é receber as pessoas e que isso aqui crie uma nova cara — comenta Cabral, esperando que o Taru possa ser ocupado por iniciativas culturais que vêm dos bairros ou de instituições que não possuem espaço próprio, por exemplo.
O instituto cultural fica nos fundos do também recém-inaugurado Café Irene no Céu – ambas iniciativas se complementam e o mais bacana é poder aproveitar as duas numa mesma passada por lá. O Taru é um pavilhão aconchegante, mobiliado com poltronas, cadeiras e almofadas. Uma parede, propositalmente mantida em branco, servirá como telão para projeções de cinema. As sessões, aliás, povoam a maior parte da programação do espaço durante julho (veja abaixo).
Por meio de uma parceria com o Sesc estão previstas exibições de filmes de arte, clássicos e longas contemporâneos, além de documentários sobre literatura, música, cultura indígena, entre outros (tudo com curadoria de Cabral, também responsável por iniciativas como Cinema de Verão e Cinema na Estação). Há ainda atividades próprias do Taru, como o Artista Aberto, que ocupará o espaço nas terças com a presença de nomes da cidade falando sobre arte.
– Quando o caxiense vê o artista caxiense, ele pensa “eu também posso”. É como se você se reconhecesse e se reafirmasse – defende Cabral.
Além disso, o espaço também contará com a Kombi-Taru, que pretende levar um pouco do clima do instituto para outros lugares, como uma ferramenta itinerante de acesso à cultura. Ela estará equipada com livros, mas também poderá levar espetáculos de teatro e sessões de cinema.
Toda a programação será gratuita e a ideia é que, por meio de parcerias, o Taru consiga se manter assim. E com uma programação cada vez mais expressiva.
– Quem faz política pública não é só o poder público, todos podemos – completa Cabral.
Saiba como apoiar
Se você deseja investir no Instituto Cultural Taru ou quer saber como propor iniciativas ao espaço, o contato é institutoculturaltaru@gmail.com.
PROGRAMAÇÃO DE JULHO
Nesta terça-feira, às 19h30min: Artista Aberto - músico Cardo Peixoto fala sobre o álbum Menino Brasileiro.
Quarta-feira, às 19h30min: Cine Clube Taru com exibição de A Caverna dos Sonhos Esquecidos, de Werner Herzog.
Quinta-feira, às 19h30min: Grandes Livros - análise de especialistas do clássico Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes.
Sexta-feira, às 19h30min: Pra que Serve a Música? - exibição de A História do Blues - Episódio 1.
Sábado, às 16h: Bate-papo sobre Frida Kahlo com Paula Cervelin Grassi.
Às 18h: Sessão de Sábado - Vídeo nas Aldeias com exibição de As Hiper Mulheres, de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuru.
Dia 10, às 19h30min: Artista Aberto - escritora Maristela Deves fala sobre o livro O Sumiço das Bergamotas.
Dia 11, às 19h30min: Cine Clube Taru - exibição de O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman.
Dia 12, às 19h30min: Grandes Livros - discussão sobre 1984, de George Orwell.
Dia 13, às 19h30min: Pra que Serve a Música? - exibição de Os Primórdios do Videoclipe.
Dia 14, às 15h: lançamento do livro Misterioso Sul: Lendas em Poemas, de Helô Bacichette, Dinarte Albuquerque Filho, André Ricardo Aguiar e Nil Kremer.
Às 18h: Sessão Especial Clássicos Sci-Fi - exibição de O Planeta Proibido, de Fred Wilcox.
Dia 17, às 19h30min: Artista Aberto - Cineasta e músico Lê Daros fala sobre o Le Blanc.
Dia 18, às 19h30min: Cine Taru - exibição de O Sonho de Wadja, de Haifaa Al Mansour.
Dia 19, às 19h30min: Grandes Livros - bate-papo sobre O Príncipe, de Maquiavel.
Dia 20, às 19h30min: Pra que Serve a Música? - exibição do trabalho da Orkestra Rumpilezz.
Dia 21, às 16h: Leia Mulheres - Clube de Leitura com Roberta Regina Saldanha.
Às 18h: Sessão de Sábado - exibição de Humano: Uma Viagem pela Vida (episódio 1), de Yann Arthus-Bertrand.
Dia 24, às 19h30min: Artista Aberto - escritor Leandro Angonese fala sobre o livro Ella.
Dia 25, às 19h30min: Cine Clube Taru - exibição de Eu, Daniel Blake, de Ken Blake.
Dia 26, às 19h30min: Grandes Livros - Conversa sobre o romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert.
Dia 27, às 19h30min: Pra que Serve a Música? - vídeos e entrevistas do Projeto CCOMA.
Dia 28, às 16h: LGBT+ - Contos Fora do Armário - leitura e discussão de obras com a presença de personagens que põem em cheque os padrões de gênero e sexualidade, com Roberta Regina Saldanha.
Às 18h: Sessão de Sábado - Ciclo de Cinema LGBT com o longa Tatuagem, de Hilton Lacerda.
Dia 31, às 19h30min: Artista Aberto - banda Catavento conversa sobre o álbum Ansiedade na Cidade, que será lançado em agosto.