Quem vê Bella Falconi esbanjando saúde nas redes sociais e em revistas de beleza talvez desconheça o caminho percorrido por ela entre a vida sedentária e o corpão de 1m60cm e 55kg que ela exibe atualmente. O diagnóstico de pedras nos rins associado ao colesterol alto foram o incentivo que faltava para a mineira optar por um estilo de vida mais saudável, incluindo uma alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas.
Com 3,2 milhões de seguidores no Instagram, Bella fez de sua experiência um negócio. Em seu perfil @bellafalconi, vai muito além do que publicar sugestões de pratos saudáveis e séries de exercícios. Graduada em Nutrição pela Universidade Kaplan (EUA) e cursando mestrado em Nutrição Aplicada pela Northeastern University, compartilha também mensagens sobre espiritualidade, maternidade (ela espera o segundo filho) e empreendedorismo. Aos 32 anos e ostentando ainda os certificados de life coach e personal trainer, incomoda-se ao ser chamada de "musa":
— Sinceramente, não é um título que eu gosto, porque acho que todas nós somos musas. Não acho justo chamar de musa uma pessoa ou outra. Todas nós, mulheres, guerreiras, merecemos esse título. Espero que chegue o dia em que ninguém vai me chamar assim. Vou ser muito mais feliz de ser chamada de Bella Falconi e não de musa fitness — disse ela, em entrevista ao Almanaque.
Em Caxias do Sul na noite desta sexta-feira para participar do Circuito Fitness Iguatemi, Bella falou ao Pioneiro a respeito da transformação pela qual passou nos últimos anos e sobre os itens fundamentais na busca do equilíbrio:
— A tríade da saúde, que o tripé corpo, espírito e mente e os alimentos para cada um deles. Isso pra mim é o verdadeiro significado da saúde e não apenas o corpo.
Confira:
Almanaque: Quando você começou a prestar mais atenção às atividades físicas e à alimentação?
Bella Falconi: Quando eu percebi que estava com cinco pedras nos rins, que meu colesterol estava alto, que eu andava com a autoestima muito baixa. O meu corpo aparentemente parecia magro, mas eu tinha um percentual de gordura alto, tinha muita fadiga, muita dor de cabeça, pouca disposição. Nesse momento me deu um clique pra eu cuidar da saúde.
Como é sua rotina atualmente?
É uma rotina corrida. Eu não tenho rotina, na verdade. Eu tento priorizar a saúde dentro da minha realidade. Eu treino de três a quatro vezes por semana. Agora na gestação estou fazendo mais treino funcional, sem peso, sempre monitorando batimento cardíaco, temperatura do corpo, tudo acompanhado por um profissional especializado. Minha alimentação é sempre saudável, me permito alguns escorregões vez ou outra, mas como frutas, muita salada, carboidratos bons, integrais. Não como carne há cinco anos, não como frango há dois, porco nunca comi. Como mais mesmo só peixe e proteínas vegetais. Bebo muita água. Sempre foco numa alimentação balanceada.
Qual o pecado gastronômico do qual você não abre mão?
Acho que é chocolate, como todo mundo. Chocolate não abro mão.
Como se combate o sedentarismo e a preguiça de realizar exercícios?
Acredito que é um trabalho muito mais mental do que físico. Todo mundo tem mania de chamar de prioridade, mas no final do dia não consegue tempo para colocar aquela prioridade em prática. Eu sempre falo: "não ouse chamar de prioridade as coisas que você não tem tempo". É necessário criar uma rotina, um cronograma, um planejamento dentro da realidade de cada um. Não adianta a gente projetar os nossos sonhos na vida do outro. A gente tem que criar planos e administrá-los partindo da nossa realidade e criar um cronograma realístico que a gente consiga fazer e sempre prestar atenção para que as nossas desculpas não sejam maiores do que a nossa vontade de alcançar as nossas metas. É importante lembrar, também, que os nossos esforços têm de estar sempre proporcionais ao tamanho dos nossos sonhos. Não adianta você ter um sonho grande e fazer um esforço pequeno. A gente tem de sempre equalizar uma coisa com a outra para que a gente tenha sucesso, mas enquanto as nossas desculpas forem maiores do que os nossos sonhos, a gente nunca vai ter sucesso. Isso se aplica a tudo: atividade física, alimentação, no âmbito profissional, emocional, tudo.
Qual o primeiro passo para uma mudança de hábitos?
É uma mudança de mentalidade. É colocar na cabeça que você precisa sair da zona de conforto e entender que para sair da zona de conforto vai haver dor, vai haver desconforto, mas que é temporário. Depois a gente se adapta. O ser humano foi feito literalmente para se adaptar a tudo. A mudanças, a situações adversas, a gente consegue passar por cima de tudo, desde que consiga criar uma mentalidade onde somos fortes, onde somos otimistas, perseverantes e onde a gente compreende que as nossas desculpas são ímãs que nos atraem para o nosso campo da falha. Enquanto a gente conseguir continuar no trilho do foco, que é o que nos leva até o sucesso, os elementos que fazem parte do campo da falha não vão conseguir tirar a gente desse trilho.
Você já fez alguma dieta radical? E que tipo de alimentação você segue atualmente?
Já fiz durante quatro anos, quando eu competia, mas hoje a minha dieta é completamente equilibrada. Eu diria que uma dieta de uma pessoa normal. Eu tenho uma vida extremamente normal, porém saudável.
Como você vê a imposição de padrões de beleza?
Como algo extremamente preocupante para os tempos de hoje. E tem ficado cada vez pior. As pessoas, principalmente as mulheres, têm se sentido cada vez mais massacradas por esse falso padrão. Mais cobradas, e isso tem levado a muita frustração, e a frustração tem levado à depressão, que é o mal do século. Tanta informação que a gente vê na rede social, que a gente acaba espelhando a nossa vida na vida do outro. A gente esquece da nossa singularidade. A gente esquece que cada um de nós é um ser único, com uma genética única, com características únicas, e a gente acaba projetando a nossa vida no próximo. Isso é uma coisa muito frustrante. Eu sempre falo para as pessoas que, numa sociedade tão diversa, é impossível que existam padrões únicos. Se a gente tem etnias diferentes, cores diferentes, cabelos, olhos e tipos de corpo, é impossível que haja apenas um padrão. Então o mais importante é ser bonito dentro daquilo que nós estabelecemos para a gente mesmo. O único padrão que existe é aquele que a gente estabelece pra gente mesmo. Independentemente do que os outros pensam, bonito mesmo é o reflexo do que a gente vê no espelho e não o número na balança, e não o número da nossa roupa, mas sim como a gente se sente sendo quem é. A partir do momento em que a gente se torna confortável na nossa própria pele, as coisas mudam e a gente consegue ser muito mais feliz.
Qual sua relação com as redes sociais hoje e como tudo começou?
É muito pessoal. Deixou de ser só profissional. Na verdade, ela nunca foi só profissional, sempre foi muito pessoal. Eu trato os meus seguidores como amigos virtuais, eu tenho um carinho enorme por cada um deles. É óbvio que todo mundo sabe que o Instagram é o meu trabalho, eu tenho contratos, eu nunca escondi isso de ninguém, mas eu tento sempre focar no lado motivacional, que é o que eu faço, e compartilhar informações úteis, sempre tento compartilhar conteúdo e não apenas egolatria, porque não sou uma pessoa de ego inflado, muito pelo contrário. Sempre tenho o cuidado de não deixar as críticas chegarem até a minha cabeça e muito menos os elogios ao meu coração. Sempre consigo encontrar esse equilíbrio pra que eu seja uma pessoa útil para o próximo para que eu consiga ter uma voz nessa geração e fazer a diferença, porque no final do dia isso é o que importa. A gente precisa deixar um legado fazendo algo de útil para o próximo. Quando a gente faz as coisas só para a gente mesmo a gente não deixa nada de útil nessa terra, e eu vejo muitas pessoas do meu meio, do meu mercado de trabalho, na rede social, negando compartilhar campanhas, negando fazer parte de ações sociais, negando fazer posts que não sejam voltados para elas mesmas. Isso é muito triste. Isso eu chamo de egolatria, que a gente está idolatrando o ego, e isso é muito, muito triste. Eu tento sempre ser a mais altruísta possível, compartilhar mensagens de otimismo e ajudar ao próximo dentro do que eu posso.
Muita gente critica as chamadas "musas fitness" das redes sociais, com o argumento de que fazem uma apologia a uma magreza excessiva. Qual a sua opinião sobre isso?
Eu não gosto desse termo "musa fitness". Eu sou chamada assim desde que eu comecei, mas a verdade é que eu nunca me autointitulei de nada. Eu acredito que quem se intitula ou quem se rotula se limita. Eu não quero me limitar a nada. Sou uma mulher totalmente versátil e tento fazer várias coisas ao mesmo tempo no sentido de crescer como profissional e espiritualmente dentro de várias vertentes ao mesmo tempo e não me limitar apenas ao mundo fitness. Hoje em dia eu compartilho várias outras coisas voltadas à espiritualidade, à maternidade, ao empreendedorismo, e não apenas ao fitness, à vida saudável, mas, inevitavelmente, eu acabo sendo chamada de musa fitness porque foi assim que eu comecei. Sou da área da saúde, hoje em dia eu sou formada em Nutrição, então as pessoas acabam me chamando assim.
Assista a um trecho da palestra no Circuito Fitness Iguatemi Caxias:
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Sociedade por João Pulita