Caxiense de nascimento, infância vivida na Rua Andrade Neves até a família mudar para Porto Alegre, o cantor e compositor Nei Lisboa já retornou à terra natal diversas vezes, para incontáveis shows. Num dos mais recentes, mostrou um lado bluesman no Mississippi Delta Blues Festival 2012. Nesta sexta-feira à noite, é um Nei intérprete de standards do jazz quem se apresenta no Teatro Murialdo, a poucos quarteirões de onde viveu até os seis anos de idade, acompanhado da Salvagni Big Band, grupo de 17 músicos dirigido por Gilberto Salvagni.
A parceria entre Nei Lisboa e o ex-regente da Orquestra Municipal de Sopros de Caxias do Sul nasceu em cima do palco, entre participações do cantor com o grupo caxiense e outros já dirigidos por Salvagni, como a Banda Municipal de Porto Alegre e a Orquestra Municipal de Garibaldi. Desta vez o convite partiu de Nei, ao querer revisitar uma fase da carreira na qual deixou de lado a composição para se dedicar a releituras –o que resultou no álbum e no show Hi-Fi, de 1998. A estreia do show jazzístico foi em novembro do ano passado, no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre.
– Ao longo destes anos trabalhando nestas parcerias, já sabia do desejo do Gilberto de montar uma big band. Ele é um cara que se aprofundou nisso, morou em New Orleans, tem um vasto conhecimento desta linguagem, além de ser um mestre nos arranjos. Aconteceu de eu ter uma data no Teatro do Bourbon no ano passado, em que eu e meu produtor tínhamos pensado em fazer um show não autoral. Foi quando lembrei das conversas com o Gilberto, e nisso uniu a faca e o queijo, a fome com a vontade de comer – conta Nei.
No espetáculo, que hoje ganha a primeira edição fora da capital, Nei se soma a um time de cinco saxofones, quatro trompetes, quatro trombones, bateria, contrabaixo, teclado e guitarra – formação clássica das big bands da Era do Swing, como ficou conhecido o período do jazz que teve seu auge nos anos 1930 e 1940. No repertório, estarão clássicos de Duke Ellington e Irving Mills (It Don’t Mean a Thing), Louis Prima (Sing, Sing, Sing) e Joe Garland e Andy Razaf (In The Mood), entre outros.
Com a simplicidade que é característica de sua personalidade, Nei não se declara um grande conhecedor de jazz, tampouco considera que o gênero tenha grande influência em sua formação. A aproximação com as músicas, aponta o cantor, se dá porque certos temas transcendem o gênero original. Por esta razão, se tornam clássicos.
– Para mim é um aprendizado, porque não tenho essa inserção no jazz, raramente o meu trabalho se aproximou destes compositores. Acontece que esse repertório traz grandes canções que estão na boca de todo mundo. Muitas fizeram parte de musicais de Hollywood, outras foram gravadas por Frank Sinatra. Não precisa ser um conhecedor para assoviar Blue Moon, por exemplo.
Compartilhando com Salvagni a intenção de perenizar a turnê em áudio ou vídeo para um lançamento futuro, Nei demonstra estar satisfeito com a imersão no jazz. Irreverente, afirma que, se fosse um fã, pagaria para assistir.
– Principalmente neste cenário atual em que tudo está cada vez mais enxuto, ter a oportunidade de assistir a um espetáculo com uma banda de jazz completa é algo cada vez mais raro. Eu certamente não perderia (risos).
Programe-se
O quê: Show com Nei Lisboa e Salvagni Big Band.
Onde: Teatro Murialdo, em Caxias do Sul (Rua Flores da Cunha, 1740, Centro).
Quando: Hoje, às 21h.
Quanto: R$ 90,00, à venda nas lojas Multisom dos shoppings San Pelegrino e Iguatemi ou www.blueticket.com.br.