Para entender o álbum Simple, que o caxiense Ricardo Biga lança neste fim de semana, é melhor começar explicando o que ele não é. Não é, por exemplo, um CD de gaitista, ainda que Biga, 49 anos, seja um dos mais conhecidos harmonicistas do Estado. Também não é um disco de blues, embora o ex-vocalista da Pacific 22 seja uma das referências entre professores de gaita blues em Caxias.
O primeiro trabalho solo do integrante do instrumental Ária Trio é muito mais uma viagem pelas melodias do country e pela batida do folk norte-americano, de Bob Dylan e Neil Young. Um disco para colocar no rádio do carro e pegar a estrada ou ouvir regado a uma dose de uísque no bar mais solitário da cidade. Para quem conhece Biga por qualquer um dos seus trabalhos já citados, é uma chance de conhecer um outro lado, que tem muito a ver com a sua formação artística.
— Quando criança, no interior, ouvia muita música sertaneja de raiz e gaúcha. Depois, passei a gostar de rock e, nisso, descobri Bob Dylan, e com isso veio a gaita de boca. Com a gaita veio o blues, com os caras que tocavam aquilo de verdade. Em meio a isso, estudei baixo e toquei muita música brasileira. Essa mescla de influências, mas sempre com uma tendência ao que é mais do interior, me levou para o lado do country e do folk. Mas não é algo que eu tinha em mente quando fui gravar. Fui percebendo isso em meio ao processo — analisa.
Simple traz 12 faixas, 10 com letras em inglês, uma composição em português e outra instrumental. Além do violão e da harmônica de Biga, tem participações de mestres, como o violonista Alamo Leal e o gaitista Jefferson Gonçalves; parceiros de longa data como Esmeralda Frizzo e Tomás Savaris, ambos do Ária Trio, Bruno Pinheiro Machado, guitarrista da extinta Pacific 22, e o bluesman paranaense Luke de Held.
— Foi uma seleção natural. São aqueles que não poderiam ficar de fora — resume.
Uma história curiosa que envolve a concepção toda artesanal do disco, feito de forma independente num processo de três anos, foi a escolha da foto de capa, que mostra a janela de uma casa de madeira.
– Foi uma coisa incrível. Queria uma imagem que retratasse simplicidade, mas não uma paisagem e, sim, alguma construção. Comecei a buscar na internet fotos de paredes, portas, janelas e de repente apareceu esta imagem em um site da Finlândia, por US$ 60. Voltei a ela uns 20 dias depois, e quando fui ver o crédito, era de Mauro Bettiol, um caxiense, amigo dos tempos de escola, que eu não via há muito tempo – conta Biga.
Como entrega o título, Simple é um álbum que se faz valer pela música, ora chorada como em Reborn, ora vibrante como em Playing With Fire, sempre com a harmonia entre voz, gaita e cordas servindo umas às outras. Em 53 minutos, tem country, tem folk, tem blues, tem rock. Tem tudo que é Ricardo Biga.
Agende-se
O quê: Show de lançamento do CD Simple, de Ricardo Biga
Quando: Domingo (1º), às 20h
Onde: Teatro Valentim Lazzarotto, no Ordovás
Quanto: R$ 20 e R$ 30 (com o CD) antecipado, R$ 40 no local