Num dia marcado por muita tensão repercutindo o veto de Michel Temer à renovação da Lei do Audiovisual, houve reação dos cineastas (leia mais abaixo), mas houve também uma celebração à própria história recente do cinema brasileiro com a entrega do troféu Oscarito à atriz Dira Paes. A paraense de 48 anos tem mais de 40 filmes no currículo, com personagens tão plurais quanto à própria produção nacional recente.
– Eu brinco que eu terminei de ser criada pelo cinema brasileiro. Foi um amadurecimento que foi acontecendo ao longo do trabalho, dos desafios, dos longas-metragens no Brasil inteiro. A minha sensação é de que eu estou aqui homenageando também com minha própria história a trajetória do cinema brasileiro porque eu sou o cinema brasileiro. Eu me sinto da família intrinsecamente ligada. (...) O elenco que compõe os honrados pelo Troféu Oscarito são notáveis e me faz sentir tímida diante da grandeza do que eles representam pra mim – disse ela, durante a coletiva de imprensa que precedeu o prêmio entregue na noite de sexta, no Palácio dos Festivais.
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Dona de performances marcantes em longas como Baixio das Bestas, Amarelo Manga e Dois Filhos de Francisco, Dira tem ainda uma relação pessoal com o cinema gaúcho. Ela esteve no elenco do épico Anahy de Las Misiones (1997), com o qual percorreu o Rio Grande do Sul inteiro. Também esteve em Noite de São João” (2003) e Meu Tio Matou Um cara (2004). Acompanhada da mãe e do filho de nove anos, a atriz celebrou em Gramado uma história de amor com o Rio Grande do Sul, com o festival e com o cinema nacional.
O Oscarito, já concedido a nomes como Fernanda Montenegro, Betty Faria, Glória Pires, Marília Pêra e Sonia Braga, coloca Dira num lugar privilegiado dentro da história do cinema. Um lugar conquistado por ela mesma, colocando toda alma em personagens que contribuem para um mosaico poético do Brasil.
– Fazer cinema é ter essa sensação de que você está na frente daquele abismo e que seu voo é um voo cego, inteiro, de entrega.