Aos 26 anos, nascida no interior de Caxias do Sul, a acordeonista Jéssica Thomé tornou-se uma referência local. Primeiro, pelo talento com o acordeom, instrumento que adotou aos 11 anos. Depois, pela importância da representatividade que traz diante do tradicionalismo, em ocupar espaços que, normalmente, eram ditos masculinos. Agora, Jéssica reúne o aprendizado na forma do livro de partituras Nossa Gente – A Música de Jéssica Thomé, que será lançado hoje, em Caxias. A obra, com tiragem de mil exemplares, terá um percentual distribuído gratuitamente em escolas e instituições de ensino de música do país.
Segundo a artista, o trabalho, contemplado pelo Financiarte, é uma importante contribuição para o cenário musical tradicionalista:
– Depois de lançar alguns discos, comecei a ter bastante material instrumental. Diante da necessidade de material para estudos de acordeom e de não encontrar muitos registros no Brasil, que tem poucas publicações, tive a ideia de fazer essas partituras para poder divulgar a música e a cena da região serrana do Rio Grande do Sul, além de mostrar um material feito por uma mulher no acordeom.
Ela é professora de música em escolas e também trabalha dando aulas particulares do instrumento. A musicista conta que, inicialmente, encontrou dificuldades, mas hoje percebe o reconhecimento que a mulher está tendo.
– Tive dificuldades quando comecei. O pessoal não via o acordeom como instrumento para mulher. Quando tinha 14 anos, por exemplo, havia muito preconceito no meio do tradicionalismo gaúcho. A partir daí, começaram a aparecer mais mulheres cantando e tocando acordeom. Hoje, acho que a presença da mulher é mais valorizada. Não só na questão de tocar, mas nas provas campeiras e outros campos do tradicionalismo. A mulher começou a ganhar destaque em várias áreas – explica.
Com um histórico de apresentações em diferentes regiões do país, Jéssica também teve a oportunidade de se apresentar no Sul da França e relata a importância da divulgação de seu trabalho fora do Estado:
– Minha música é instrumental, sim, é regional, sim, porém não carrega só características do Sul, até porque estudamos outras coisas. O jeito serrano, a característica do acordeom na Serra, isso eu tento buscar e levar para os outros lugares. Trazer o ritmo regional e também outros gêneros, mas sempre carregando aquela coisa da Serra.
De acordo com ela, um dos objetivos do livro é divulgar o que é produzido no Estado.
– Não que eu ache que tenho de representar a música de Caxias, mas porque de alguma forma eu represento os artistas locais e mostro para o público de fora que existem outros bons acordeonistas – completa.
AGENDE-SE
O quê: apresentação e lançamento do projeto Nossa Gente – A Música de Jéssica Thomé.
Onde: Casa da Cultura (Dr. Montaury, 1.333).
Quando: hoje, às 20h.
Quanto: um quilo de alimento. O livro terá distribuição gratuita.
Obra
Quem quiser receber o livro pode entrar com o email jessicathome.contato@hotmail.com.