Tendo acordado com as galinhas, cá estou, visitando seus aposentos, onde a escória abunda. Por exemplo: os galos estão bombando as suas cobiças adoidadas pelo trono do reinado. O mais nervosinho tem topetes de puro escárnio. Apelidado de Jucá é estarrecedor como consegue bicar em tudo e em todo lugar. Mas, o mais esperto chama-se Renan Encalhados. E assim como o seu ilustre homônimo, o filósofo e teólogo francês, ele gosta de apregoar: "é o ódio entre irmãos que move o mundo". Dizem as más línguas que como formidável galo-reprodutor de escândalos teria sido comprado pelo "Temeroso" granjeiro por uma milionária ração de propinas. E apesar de não ser galinha, põe ovos-podres em qualquer terreiro, pois não passa de um galináceo cara de pau...
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Também, há pouco tempo, ciscava por aqui um desses galos-velhos, que raspava o chão feito touro bravio. De tão ladino vestiu a carapuça de "raposão" - o inimigo público número um da rainha das penosas. Essa arrogante e desprevenida franga, caindo do poleiro, foi assada, fritada e "empichada". E ele, o Frangão Cunha, de crista alta, cantando de galo, cacarejou e ficou chocando o mais que deu. Agora, nem prá "brodo" serve mais. Acabou trocando o gradil do galinheiro pelas grades do Moro. Coisas de galinha morta.
Desnecessário dizer que o ambiente exala um cheiro nauseabundo, recheado de titicas. O tititi corre solto e os discursos são corococós de entropias. Tão grande a imundície que um dos galetos declarou que quanto mais sujo, mais grãos. Ou grana. Nem os pintinhos escapam. Já nascem com o DNA de corruptos e, mesmo sem dentes, dão suas mordidas de falcatruas. A Republiqueta do Galinheiro vai de mal a pior, mas ninguém se importa. Todos os seus habitantes mamam vorazmente até encontrar o famoso leite de galinha. E daí para frente, as tetas não param de jorrar. De quando em vez, fecham terríveis rinhas de galo. A briga pelo poder ameaça botá-los em caldo de fervura. Gulosos e refinados, eles devoram lulas, não se contentando unicamente com milhos. Ambicionam milhões. Não por acaso o presidente da "Odebré" tem o sugestivo nome de Emílio, cujo código secreto é E-Milho.
Ali, no cercado, os frangos não têm penas de ninguém. No salve-se quem puder, todos estão sujeitos a penas implacáveis. Com aspecto de hospício e, ao mesmo tempo de prisão, o portãozinho se transformou em porta de cadeia. Mas, todos negam as acusações, atribuindo tudo a fofocas e delações da galinhagem histérica...
Nesta infame Republiqueta do Galinheiro continua a vigorar o preceito de que a lei só vale para os miseráveis ladrões de galinha. Esses, sim, é que têm que pagar o pato. Ou as galinhas. E, além de prisão inafiançável, obrigados a devolver os ovos a título de multa. Por consequência, "vale as penas" fazer uma fezinha no jogo do bicho, número 50, com uma dúvida: será que o melhor remédio para a roubalheira é também cautela e canja de galinha?...